Brasil

Estudo prevê realidade melhor para jovens até 2030

Eles terão menor participação no mercado de trabalho e maior escolaridade, porém pouco avanço na redução da mortalidade por causas externas

Luiza Seixas
postado em 01/02/2010 08:23

Bruno da Cruz está tão preocupado com o mercado de trabalho e a violência no país que não pensa em A principal preocupação dos jovens de hoje em relação ao futuro é de como será o mercado de trabalho. Eles acreditam que, se hoje a competição já é grande, daqui a alguns anos a briga por uma vaga será ainda mais acirrada. As pessoas terão que se destacar mais e ter uma especialização no setor em que pretendem trabalhar. Outro ponto que também vem assustando a juventude brasileira é a violência, que cresce cada vez mais. Mas, de acordo com uma publicação divulgada esta semana, a realidade dos jovens pode ser diferente nos próximos 20 anos. Os dados foram levantados pelo Fundo de População das Nações Unidas, pela Secretaria Nacional de Juventude, pela Universidade de Brasília e pela Caixa Seguros.

Diante da realidade atual, o estudante de administração Bruno da Cruz Portes, 20 anos, nem pensa em ter filhos, pois teme o futuro deles. Atualmente, ele trabalha em um laboratório de análises, mas garante que entre seu grupo de amigos, é um dos poucos que está empregado.

;O mercado está muito competitivo. Se hoje eu já vejo muita gente correndo atrás e tendo dificuldade de entrar no mercado de trabalho, fico imaginando como vai ser daqui a alguns anos;, disse. ;Fico preocupado também com a violência no país. Na última sexta-feira eu fui vítima de um assalto. Não vou colocar filho no mundo para ficar preocupado com essas coisas;, completa Bruno.

Ana Carolina prevê maior competição por emprego nos próximos anosA estudante Ana Carolina Souza, 16 anos, sentiu na pele a dificuldade de entrar no mercado de trabalho. Para ajudar em casa, há mais de seis meses ela vinha procurando emprego e só nesta semana recebeu a notícia de que uma lanchonete a contrataria. O aviso deixou Ana feliz, mas a demora em chegar fez com que ela ficasse desanimada em relação ao futuro. ;Para demorar assim só tem duas explicações: ou tem muita gente querendo ou falta vaga para todo mundo. Acredito que a tendência desse problema é crescer;, destaca.

Futuro diferente

O livro A juventude brasileira no contexto atual e em cenário futuro afirma que até 2030 os jovens terão menor participação no mercado de trabalho, maior escolaridade, porém pouco avanço na redução da mortalidade causada por fatores externos, como violência e acidentes.

Segundo a representante do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), Taís Freitas Santos, o país está passando por uma mudança em termos demográficos. E, como destacou, a população brasileira, a exemplo de populações desenvolvidas e em desenvolvimento, está vivenciando um declínio de fecundidade. ;Esse processo nos outros países levou cerca de 100 anos e no Brasil acontece em 30 anos. Isso implica em cada vez menos jovem e em uma tendência de envelhecimento da população;, afirma.

Essa redução resulta, como explicou, em relação ao mercado de trabalho, em um contínuo crescimento da população em idade ativa, que vai de 10 a 59 anos, passando de 53 milhões de pessoas em 2006 para 56,6 milhões em 2030. Mas a demanda de jovens entre 15 e 24 anos nesse universo cairá de 21,5% para 14,3%, reduzindo assim a pressão por abertura de novas vagas. Hoje são necessárias mais de 1 milhão de vagas para absorver as pessoas que buscam o primeiro emprego.

Ela ressalta ainda que no futuro há uma expectativa maior de igualdade de gêneros no mercado de trabalho, decorrente do atual índice de escolaridade das mulheres, que tem crescido bastante. ;Hoje, as mulheres têm um nível de escolaridade maior que os homens, mas têm empregos piores. E, quando o posto ocupado é o mesmo, o salário é menor;, afirma.

Apesar desses pontos positivos, a mortalidade de faixa da população por causas externas, que hoje já é grande, pode aumentar ainda mais. ;Se nada for feito, a tendência é aumentar cada vez mais. É preciso realizar investimentos, como criar empregos para dissolver essa população, para que esse fator diminua;, completa.
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A redução por estado
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--> <-- --> Percentual de redução de jovens entre 2006 e 2020

Manaus - 16,8%

Belém - 15%

Teresina - 25,3%

Fortaleza - 11,4%

Recife - 12,4%

Salvador - 21,5%

Belo Horizonte - 13,4%

Rio de Janeiro - 6,7%

São Paulo - 9,3%

Curitiba - 16,8%

Porto Alegre - 10,6%

Goiânia - 31,2%

Brasília - 30%

Fonte: juventude brasileira no contexto atual e em cenário futuro

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Menos analfabetos
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O estudo mostra ainda que o número de analfabetos entre 15 e 24 anos poderá cair entre 28% e 83,5% até 2030, resultando em uma taxa de analfabetismo quase nula. Em relação à saúde, a análise indica que são necesárias políticas públicas especificas e contínuas. Pois, se por um lado possuem um maior acesso ao sistema de saúde, por outro, encontram-se mais vulneráveis e expostos à gravidez precoce e à infecção pelo HIV/Aids.Para Taís, o livro traz duas vantagens: tratar a juventude além do cenário atual e fornecer termos para o futuro e não trabalhar apenas em um agregado, mas chegar no nível de regiões metropolitanas, com dados das nove maiores regiões e de quatro capitais: Brasília, Goiânia, Manaus e Teresina.

;Outro grande problema que a gente vê é que as políticas são elaboradas apenas em determinado governo, e o nosso grande desafio é transformá-las em políticas de estado, pois assim você tem um comprometimento maior. Quando é de governo, no momento em que ele termina, o compromisso muda;, explica Taís.

A publicação projeta uma redução de 18,3% do total de jovens na população brasileira até 2030. Essa queda deverá ser mais expressiva nas regiões metropolitanas de Brasília e Goiânia.

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