Brasil

Estudante é confundido com bandido e baleado pela polícia na Grande Natal

postado em 01/02/2010 11:48
Um formando do curso de Administração da Universidade Potiguar (UnP), Fernando José Soares Lima, de 31 anos, acabou baleado pela Polícia Militar na tarde da última sexta-feira (29), quando voltava de um buffet com amigos, nas proximidades do Forró no Facho, na estrada de Macaíba, região da Grande Natal. De acordo com a noiva de Fernando José, Juliana Medeiros Nobre, de 24 anos, por volta das 16h50, o grupo de amigos, divididos em cinco carros, estavam voltando de um buffet onde ensaiavam a valsa para o baile de formatura, a ser realizado no dia seguinte, quando foram surpreendidos pela viatura da polícia. "Primeiro eles pararam o carro de umas amigas minhas, um Celta vermelho, e elas disseram que os policiais foram grosseiros. Eles comunicaram que estavam atrás de um carro com suspeita de sequestro relâmpago naquela região", explica a noiva da vítima. Segundo Juliana, nesse momento, o carro do noivo dela, um Gol chumbo, que vinha atrás do Celta, ultrapassou o veículo, sem parar. "Ele disse que viu, mas passou direto porque sabia que não tinha a ver com ele", comentou. A noiva de Fernando disse que os PMs começaram a atirar contra o Gol. "No total foram sete tiros, aparentemente de pistola .40. Três atingiram o carro e um atingiu o rim do meu noivo". Segundo ela, os policiais que atiraram não socorreram o rapaz, mas uma viatura que veio em seguida, com três PMs, parou para levar o ferido ao hospital. "Eles o pegaram pelos braços, botaram na viatura e levaram ao Clóvis Sarinho", disse Juliana. Ao chegar no pronto-socorro, Fernando passou por cirurgia. Ele perdeu o rim atingido pelo tiro, uma parte do intestino e do fígado e a vesícula foi retirada. A noiva da vítima informou que ele não corre risco de morrer, mas ainda está internado e deverá permanecer até quarta-feira no Clóvis Sarinho. "A cicatriz está horrível, na barriga inteira", comentou Juliana. "Ele está revoltado com a situação, assim como eu, que acho uma irresponsabilidade policial", acrescenta. A versão da polícia foi dada pelo Major Francisco Canindé Espínola, comandante do 9; Batalhão de Polícia Militar (9; BPM), responsável pela área Oeste. Segundo ele, a viatura havia saído para atender a uma ocorrência de sequestro relâmpago que envolvia dois carros, um Siena e um Sorento, ambos pretos. "Os policiais mandaram realmente esse Celta parar, mas quando viram o Gol, apesar de não ter as mesmas características dos carros do sequestro, e ele adiantou, houve o disparo", explica o major. Os PMs envolvidos neste caso já foram ouvidos na delegacia e as armas deles já foram recolhidas para serem examinadas no Itep, assim como o carro da vítima. O major informou que o carro da polícia que efetuou os disparos era comandada pelo sargento PM Pedro, mas o policial que disse ter atirado foi outro. Quando questionado sobre o motivo pelo qual a viatura saiu sem prestar socorro, o major respondeu que a outra que vinha em seguida tinha mais condições de prestar um socorro mais rápido à vítima. "Mas as duas foram até o Clóvis Sarinho, a do sargento Pedro foi de retaguarda". Segundo o Major Espínola, todos os procedimentos legais já foram feitos. "Já está correndo um inquérito militar e outro civil. Tudo está sendo apurado e são 30 dias para sair a decisão e então podermos ver o que deve ser feito", disse. O major chegou a lamentar o resultado da ação dos policiais. "Infelizmente aconteceu esse fato. Ele (o PM que atirou) é um ótimo policial", disse. E acrescentou: "se a família da vítima quiser acompanhar de perto todo o processo, apurar junto à polícia, eles fiquem à vontade". Caso semelhante Um caso semelhante ao ocorrido na última sexta-feira (29) foi o que vitimou fatalmente o estudante de direito Diego Coelho de Olveira, 21 anos, morto com um tiro de fuzil 556 nas costas, ao furar uma barreira policial montada na Rota do Sol, no distrito de Pium, em Parnamirim, por volta da 1h da madrugada de 21 de outubro de 2008. Juntamente na moto que ele conduzia, uma moto Honda Fan preta, placas NNK-3346, vinha o pedreiro Luciano Cruz da Silva, 25, também baleado na ação.

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