Brasil

Município gaúcho vai testar nova tecnologia contra violência

postado em 01/02/2010 19:56
Em breve, os moradores do bairro Guajuviras, em Canoas, município da Grande Porto Alegre, vão conviver com uma nova tecnologia que, segundo seu fabricante, é capaz de identificar o disparo de uma arma de fogo e acionar a polícia entre 9 e 15 segundos, determinando o local exato no qual o tiro foi dado. O Ministério da Justiça estuda expandir o serviço para outras cidades, caso a experiência gaúcha seja bem-sucedida.

O sistema de localização de disparos - o ShotSpotter, como é chamado em inglês - foi desenvolvido há mais de dez anos. Nos Estados Unidos, já foi implantado em mais de 50 cidades e teria contribuído para uma redução média de 20% na incidência de crimes com armas de fogo, garante Roberto Motta, um dos diretores da ASI Brasil, representante exclusiva do produto no país.

Segundo Motta, o sistema usa uma avançada tecnologia capaz de distinguir o som de um tiro em meio a outros sons urbanos, como um rojão ou o barulho de um escapamento. O ruído é captado por sensores acústicos escondidos em telhados de prédios e casas. Esses sensores podem estar até 3 quilômetros do local do disparo.

Detectado o disparo, o próprio sistema mapeia, com base em localização GPS, o local exato onde o tiro foi dado. Um alerta eletrônico é então repassado a uma central, de onde os operadores podem acionar a viatura policial mais próxima, indicando o endereço da ocorrência.

De acordo com Motta, a margem de erro é de apenas dez metros e a única ressalva seria quando do uso de silenciadores, já que o som do tiro não teria como ser captado nem mesmo pelos sensores acústicos mais próximos. Mesmo assim, a eficácia do produto é garantida em contrato pelo seu fabricante, já que a empresa responsável afirma que o sistema deve captar e acionar a central em pelo menos 80% dos disparos feitos na área de abrangência dos sensores.

A implementação de o sistema em Canoas vai custar R$ 2 milhões - que serão repassados pelo Ministério da Justiça, via Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) ; mais a contrapartida municipal, de cerca de 2%, ou cerca de R$ 40 mil, para capacitação dos operadores - policiais da guarda municipal - e para preparação da central.

Durante a assinatura do acordo que prevê a liberação dos recursos em até 30 dias, o ministro da Justiça, Tarso Genro, deixou claro que Guajuvira servirá de laboratório e que se a experiência for bem-sucedida, poderá ser reproduzida em outras cidades, sendo levada para aquelas que já integram o programa Territórios da Paz e também para as 12 que irão sediar jogos da Copa do Mundo.

Responsável por apresentar a ideia ao ministério, o prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PT), defende que a tecnologia servirá não só para que os criminosos sejam detidos, mas também para salvar vidas, já que os serviços de atendimento médico poderão ser acionados prontamente.

;Em fração de segundos se agiliza não só a força policial, mas também o socorro, de forma que estaremos preservando e salvando vidas ao mesmo tempo em que estaremos combatendo a violência;, disse Jorge

De acordo com o Ministério da Justiça, o bairro Guajuviras foi escolhido para abrigar a primeira experiência com a tecnologia na América Latina por causa dos índices de criminalidade. Com 70 mil habitantes, em 2009 o bairro registrou 50 homicídios - 80% por arma de fogo. Ainda segundo o ministério, o índice de homicídios, que cresceu em média 30% a ano entre 2005 e 2009, só parou de aumentar após a implantação do Território de Paz do Pronasci, no ano passado.

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