Brasil

Belo Horizonte pode ter fevereiro mais quente da história

Gustavo Werneck/Estado de Minas, Estado de Minas
postado em 03/02/2010 17:02
Ar-condicionado ligado no máximo, água de coco gelada, roupas leves e muita disposição para aguentar o calorão de 31 graus. Belo Horizonte enfrenta um período de veranico que está perto de quebrar marcas históricas. Segundo o meteorologista do Centro de Climatologia MinasTempo Ruibran dos Reis, a temperatura já é superior à média de fevereiro (29 graus) e encosta no maior índice registrado neste mês ; 33 graus, em 1943 ;, desde o início das medições, em 1912. Para quem planeja curtir o carnaval nas cidades históricas e interior de Minas, uma boa notícia: a estiagem vai até depois das folias de Momo. Portanto, sungas e biquínis na mala para curtir as cachoeiras depois das noites de farra.

;Poderemos ter chuvas isoladas em algumas áreas do estado, mas nada de temporais;, diz Ruibran, lembrando que não chove na Região Metropolitana de BH há uma semana. À noite e nas madrugadas, a temperatura está mais amena, devido à baixa umidade relativa do ar, que está na faixa de 35% a 40%, informa o meteorologista. O vento, mesmo fraco, ;também diminui a sensação de calor;.

Terça-feira à tarde, no Centro da capital, os termômetros de rua confundiam a cabeça dos moradores, pois marcavam até 34 graus. O meteorologista explica que a medição oficial é feita à sombra, enquanto os equipamentos instalados nas vias públicas, e sob os efeitos do sol, aumentam até cinco graus a marca. O certo mesmo é que, para aqueles que trabalham de terno e gravata, só resta uma direção nesta canícula. ;Acostumar-se e seguir em frente;, assegura o advogado e poeta Paulo Geraldo Corrêa, de 79 anos, morador do Bairro Sion, na Zona Sul, mas que todo dia vai ao Centro. ;Uso terno há 45 anos, então já me acostumei. O importante é se hidratar bastante, tomar sorvete e, principalmente, um banho refrescante depois do batente;, diz o autor dos livros As cartas de amor que não te enviei e Confissões de amor no direito.

Por volta das 16h de terça-feira, nas praças Sete, Rui Barbosa (Estação), Assembleia e Raul Soares, cada um se virava ; e se escondia ; como podia. O guarda-chuva, deixado na bolsa para qualquer emergência, serviu para a mulher que passava apressada, na Rua da Bahia com Avenida Santos Dumont, se proteger do sol. E onde havia árvore, ou sombra de poste e água fresca, os moradores davam uma parada para chegarem inteiros ao fim do dia. ;Nunca vi um calor assim nestsa época em Belo Horizonte;, comentou a funcionária da Assembleia Legislativa Luana Cristina Rodrigues Michalick, de 23, que curtia uma água de coco fresquinha, vendida no carrinho de Vicente Lopes Pinto, a postos em frente à sede do Legislativo há 30 anos. ;É importante tomar água, mas é preciso avaliar a procedência;, alerta o vendedor, que não tem do que se queixar nesta estação. Perto dali, o engenheiro Carlos Nascimento, de 29, preferiu uma garrafa de água gelada e, claro, sombra e um banco para descansar.

Peixinhos no aquário

Quando está dentro da piscina, a criançada até se esquece que existe calor intenso. Na aula de natação da Academia Mattioli, no Bairro Gutierrez, na Região Oeste, os estilos ensinados pelos professores Marcus Vinicius Souza Santos e Beatriz Aparecida dos Santos do Carmo são motivo de alegria para aprendizes das primeiras braçadas. Parecendo peixinhos num aquário, lá estavam as irmãs Maria Fernanda, de 8, e Isabella Terra F. Castro, de 5; Luísa, de 7, e Laura Fernandes Vieira, de 4; e Alice Valadares Piçarro, de 6. ;Dentro da água fica bem mais gostoso, a gente nem sabe que está quente;, disse Maria Fernanda, com um sorriso, antes de mergulhar e deixar, de fora, o mundo quente e abafado.

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