postado em 09/02/2010 11:52
No comércio alecrinense, perplexidade. Junto à Polícia Civil, pouco é dito "para não atrapalhar as investigações". E os corpos dos quatro chineses mortos a tiros em Macaíba, na Grande Natal, ainda aguardavam liberação do Itep até o início da noite de ontem. O caso do assassinato em série, que vitimou Zhon Maozhen, 36 anos, Jin Wanghai, 39, Lixiong Lin, 36, e Zhang Hayan, 38, e chocou o estado no último fim de semana, está envolto em mistério.
O cunhado de Jin Wanghai, Liu Dun Jian, proprietário de um restaurante no Alecrim, conversou com a reportagem do Diário de Natal e afirmou que os parentes do casal não têm ideia do que possa ter motivado a chacina. "Entregamos o caso à polícia para que seja resolvido", disse. Ele relatou, ainda, a última vez que avistou os dois. "Saíram da loja [JMF Variedades] por volta das 18h30 da quinta-feira e não disseram para onde iriam. Não sabemos de nenhuma transação comercial ou negociação que fariam", continuou.
[SAIBAMAIS]Liu Dun Jian, que mora no mesmo prédio onde funciona seu restaurante, era, ainda, vizinho do outro casal morto, Lixiong Lin e Zhang Hayan. "Os quatro eram amigos e não sabemos de mais nada", resumiu. Segundo ele, que é casado com a irmã de Jin, os parentes moravam em Natal há cerca de dez anos. Já Lixiong e a esposa viviam na cidade há quase dois anos.
A reportagem do Diário de Natal esteve nas proximidades da loja JMF Variedades e na Gold Sol - esta última de propriedade do casal Lixiong e Zhang - e conversou com um comerciante, um ambulante e uma vendedora, que não quiserem ser identificados. Entre os três, predomina o sentimento de indignação. "Eles eram pessoas muito simpáticas, falavam com todos por aqui e eram bem quistos", lamentou um deles.
Investigação
Ainda segundo Liu Dun Jian, representantes do consulado chinês no Brasil estão vindo para Natal com o intuito de acompanhar de perto o inquérito, presidido pelo delegado Ronaldo Gomes, titular da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deicor), com o apoio de Maurílio Pinto, da Especializada em Capturas (Decap). Os dois se limitaram a dizer que, como estão no início das investigações, não podem fornecer informações concretas sobre o caso. "Estou ouvindo pessoas ligadas a eles, como familiares e amigos, e não posso dar mais detalhes, para não interferir no nosso trabalho", respondeu Ronaldo Gomes.
No domingo, o delegado Maurílio Pinto havia descartado a hipótese de sequestro ou latrocínio, já que não houve contato prévio com a família e sequer foi subtraído algum pertence dos casais no momento do crime. Um outro ponto curioso envolvendo os homicídios é que todos levaram tiros na região da cabeça e os corpos foram dispostos de forma "combinada". Além disso, a polícia não encontrou cápsulas de munição no local.