Paulo de Sousa
postado em 11/02/2010 19:16
Vinte adolescentes e adultos com idades entre 15 e 20 anos foram detidos ontem na Operação Juniores. Segundo o delegado Júlio Costa, da Delegacia Especializada de Atendimento ao Adolescente Infrator (Dea), eles são considerados de alta periculosidade porque a maioria responde a processos por assalto, homicídio e latrocínio - roubo seguido de morte - e estava foragida. O juiz José Dantas, da 1ª Vara da Infância e da Juventude de Natal, revelou que ainda há 200 mandados de busca e apreensão de adolescentes a serem cumpridos. Um dos adolescentes foi baleado na operação.
A ação ocorreu na manhã de ontem e contou com 100 policiais civis e militares para cumprir 29 mandados de busca e apreensão de adolescentes infratores na capital potiguar e em São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal. Segundo Júlio Costa, dos 20 detidos 15 tinham contra eles mandados de internação com restrição de liberdade, enquanto que o restante deveria apenas se apresentar ao juiz. "Nesses casos ojovem é levado ao magistrado para justificar a ausência nas medidas socio-educativas".
O delegado explica que a maioria desses jovens é reincidente em atos infracionais graves, como assaltos e homicídios. Após um trabalho de investigação de dois meses, em conjunto com a Subsecretaria de Segurança, foi possível localizar e apreendê-los. "Foi um trabalho difícil, pois parte deles estava em locais totalmente diferentes do que tínhamos notícia". O titular da Dea revela que oito dos presos já têm maioridade penal, mas ainda vão cumprir medida sócio-educativa, ao invés de serem condenados como criminosos. Eles tiveram as identidades preservadas pela polícia. "Isso em cumprimento com o Estatuto da Criança e do Adolescente, pois eles cometeram esses atos quando eram menores". Ainda de acordo com Júlio Costa, pequenas quantidades de maconha e crack foram apreendidas com os jovens. "Os mandados foram exclusivamente para encontrar os infratores e não tivemos buscas nas casas".
O subsecretário estadual de Segurança, delegado Ben-Hur Cirino de Medeiros, explicou as circunstâncias em que o adolescente foi baleado. Ele informou que uma equipe que cumpria um mandado no bairro de Felipe Camarão, Zona Oeste de Natal, fez o cerco na casa de um dos alvos e pediu que os pais o entregassem espontâneamente. "Porém, enquanto isso, o adolescente tentou fugir pelo telhado da casa com alguns pertences. Foi dada voz de prisão e, como ele não atendeu, foi atingido por um disparo no braço". O jovem foi socorrido para o Hospital Walfredo Gurgel e passa bem.
Novas ações
O juiz José Dantas comenta que a operação de ontem visou cumprir mandados contra os adolescentes considerados de maior periculosidade. "Porém, temos 200 outros mandados em aberto e, por isso, vamos planejar outras operações como essa". Para Júlio Costa, além da repressão, a operação tem caráter preventivo, uma vez que retirou do convívio com a sociedade adolescentes que poderiam voltar a cometer crimes durante o carnaval. Já o titular da 1ª Vara da Infância e da Juventude ressalta que "isso demonstra que não esses adolescentes infratores não ficam impunes".