postado em 18/02/2010 09:23
O carnaval também tem seu lado trágico. O deste ano terminou com recorde negativo em relação à folia passada: as mortes por afogamento cresceram 54% em Minas Gerais. Balanço parcial do Corpo de Bombeiros (CB) e da Polícia Militar (PM) mostra que pelo menos 34 vidas foram perdidas em rios, lagos e lagoas da região metropolitana e do interior. A disparidade entre a estatística de 2010 e a de 2009, quando as duas corporações registraram 22 ocorrências, pode ficar ainda maior, pois dois banhistas que se divertiam em balneários de Frutal, no Triângulo, e de Ponte Nova, na Zona da Mata, estão desaparecidos. O saldo de mortes brutais neste carnaval sobe para 69 quando se somam as 35 vítimas de desastres ocorridos nas estradas federais, estaduais e municipais.
A quantidade de afogamentos em Minas chocou até os bombeiros, pois a corporação não esperava um número tão alarmante. O CB havia montado uma grande operação para reduzir o número registrado no ano passado: 46 equipes de prevenção aquática foram espalhadas pelo estado. Os militares ficaram de prontidão nas principais lagoas e represas. Mas as altas temperaturas que castigam o país neste verão, com a sensação térmica se aproximando da casa dos 40 graus em algumas áreas, levaram milhares de pessoas aos rios, lagos e lagoas. Segunda-feira, duas pessoas morreram na Lagoa Várzea das Flores, que banha parte de Contagem e de Betim, na região metropolitana, e outras três na represa de Furnas, que margeia vários municípios do Sul de Minas.
O Corpo de Bombeiros havia destacado equipes especializadas em resgates nos dois locais, mas muitos foliões aproveitaram o calor e o clima de festa para abusar da bebida alcoólica e mergulhar no conhecido estilo tio Patinhas. A corporação não detalha as causas dos afogamentos no estado, mas é fato que boa parte foi causada pela mistura de álcool e correnteza. O descuido de pais com os filhos também facilita tragédias, como a que ocorreu na tarde de terça-feira, em Botumirim, no Norte do estado, onde uma menina de 5 anos caiu na barragem de Irapé durante um churrasco em família. Alguns banhistas, depois de beber, ainda arriscam a vida dirigindo pelas estradas que cortam o estado.
Hoje, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) vai divulgar os dados da Operação Carnaval, iniciada sexta-feira e encerrada à meia-noite de ontem. Segundo o inspetor Aristides Júnior, chefe de Comunicação da corporação, há uma expectativa de o número de motoristas flagrados pelos bafômetros ser o maior dos últimos feriadões. Ele acredita ainda que pelo menos 20 pessoas morreram nas BRs que cortam o estado neste carnaval. O número que será divulgado hoje deverá ficar acima de duas dezenas, segundo o inspetor. Em 2009, foram 20 mortos. ;Infelizmente, o carnaval de 2010 deve superá-lo.; Mais uma vez, ele avalia que a imprudência foi a principal causa dos acidentes.
Os desastres não pouparam nenhum dia do feriado prolongado. Na manhã de ontem, uma pessoa morreu e nove ficaram feridas num acidente no km 576 da BR-040, perto do trevo de Moeda, na Região Central. Segundo a PRF, uma Hilux atingiu a traseira de um Palio, que saiu da pista e capotou. A vítima estava no carro menor. O Corpo de Bombeiros teve trabalho para resgatar os feridos. O trânsito no trecho ficou lento até o meio da tarde. Também houve retenção em outras rodovias, como na BR-381, usada pelos foliões que viajam ao litoral capixaba.
Mas não são apenas os motoristas imprudentes que causam a matança no asfalto. O governo também tem sua parcela de culpa, segundo alerta José Aparecido Ribeiro, especialista em trânsito e representante da ONG SOS Estradas. ;A lógica nos diz que se as rodovias fossem duplicadas, os que cometem imprudência pagariam sozinhos pelos seus erros, poupando a vida daqueles que são cumpridores dos seus deveres ao volante. Uma análise adulta para ser justa e útil precisa avaliar o conjunto e não atribuir a uma única variável as causas de acidentes.;
[SAIBAMAIS]REDUÇÃO Diferentemente do Corpo de Bombeiros e da PRF, a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) fechou ontem o seu balanço: 13 pessoas morreram na malha estadual. O número, apesar de alto, é 60% menor do que as 33 mortes anotadas no carnaval do ano passado. Também houve queda na estatística de feridos, de 469 para 383. Já nas vias municipais, pelo menos duas mortes são associadas ao carnaval. Na noite de sexta-feira, um ônibus que levaria foliões para Jacaraípe (ES) perdeu os freios na Rua Montes Claros, em Sabará, na região metropolitana, e arrastou um motociclista. Ele e uma passageira do ônibus, que atingiu o muro de uma casa, morreram no local.