Landercy Hemerson
postado em 22/02/2010 08:55
Um pedido de socorro com voz embargada, mas suficiente para alertar militares do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam), impediu que a desempregada N.R.M.S., 20 anos, tivesse a garganta cortada. Por volta das 8h de ontem, ela foi rendida perto de casa, no Conjunto Felicidade, Região Norte de Belo Horizonte (MG), por pelo menos cinco homens. Eles queriam que ela revelasse o esconderijo de um traficante de uma quadrilha rival. Acorrentada e amordaçada, ela foi levada para um barraco na Avenida A, no mesmo bairro, e submetida a sessão de tortura, antes de ser libertada à tarde pelos PMs.O sargento Edson Oliveira, do Batalhão da Rotam, disse que estava na região em operação para encontrar um homem armado. ;Quando passava pela avenida, ouvimos o pedido de socorro. A voz feminina era baixa, mas permitiu identificar de onde vinha. Entramos no imóvel e encontramos a vítima amarrada, sobre um sofá, e um homem com uma faca no pescoço dela. Ele tentou fugir com um adolescente de 17 anos, mas foi dominado e preso.;
O homem foi identificado como Diego de Jesus Pereira, 21 anos, que já foi preso por envolvimento com o tráfico de drogas, além de suspeita de homicídio, segundo o sargento. ;A mulher contou que é moradora antiga do bairro e que foi sequestrada para informar o paradeiro de um traficante, que ela não conhece. Sem ter como dar informações, foi submetida a quase seis horas de tortura física e psicológica, já que, a todo momento, diziam que ela seria morta;, afirmou o militar.
Os outros três homens envolvidos no crime não estavam no imóvel do cativeiro. Os bandidos fazem parte de uma quadrilha e um dos integrantes foi executado na noite de sexta-feira, num bar na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte. Eles queriam chegar ao traficante, apontado como autor dos quatro tiros que mataram o cúmplice, um adolescente de 16 anos.
Abalada, a jovem foi atendida no local por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada para o Hospital Risoleta Neves. Ela tinha ferimentos por todo o corpo. A ambulância do Samu saiu do bairro escoltada por militares da Rotam. Diego e o adolescente foram detidos e levados para o Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional de Belo Horizonte (CIA-BH).
Cárcere privado
Quatro adultos foram presos na madrugada de ontem, suspeitos de cárcere privado e sequestro de duas adolescentes, em Betim, na Grande BH. Desde o carnaval, elas estavam desaparecidas. As garotas, uma de 12 e outra de 13 anos, estavam com um casal em um barracão no Bairro Duque de Caxias. As mães das meninas, que as acompanharam na delegacia da cidade, disseram que enfrentam problemas com elas, que seriam usuárias de droga.
Segundo militares do 33; Batalhão da PM, em Betim, há mais de uma semana as duas amigas saíram de casa. O namorado de uma das adolescentes pediu a um amigo para abrigá-las. Porém, na noite de sábado, os dois amigos teriam se desentendido e o namorado da jovem chamou a polícia, alegando que ela e a outra menina eram mantidas reféns. Durante a discussão entre os dois homens, houve um disparo de revólver calibre .32, mas ninguém se feriu.
Os militares foram ao endereço informado pelo namorado da adolescente, mas não encontraram as garotas. Porém, durante rastreamento na área, localizaram as meninas com uma mulher de 24 anos e um homem de 40, que apresentavam sintomas de ter consumido crack. O casal negou que estava fazendo as garotas reféns, afirmando que apenas deu abrigo às duas, a pedido do amigo do namorado de uma delas. Diante das versões contraditórias, todos os envolvidos foram detidos e levados para a 8; Seccional de Betim.