Francisco Francerle
postado em 23/02/2010 17:08
Apesar da existência de quatro mil alunos correndo o risco de ficar sem sala de aula por falta de vagas na rede municipal, a Prefeitura de Natal se dá ao luxo de não inaugurar o prédio novo de uma escola cujas obras estão concluídas há mais de seis meses. Direção, Conselho Escolar, professores e pais de alunos estão inconformados com a indefinição do início do ano letivo na Escola Municipal Santos Reis, que está prejudicando mais de 700 estudantes dos ensinos Infantil e Fundamental. Se até o dia 1º de março a Secretaria de Educação não resolver a situação, o Conselho Escolar vai promover um ato de protesto em frente à escola, localizada no bairro de Santos Reis, Zona Leste.
Segundo a diretora Linélia Maria Albuquerque, até o momento a prefeitura não deu à escola uma explicação oficial acerca do problema que teria provocado o adiamento da inauguração do prédio por três ocasiões. A primeira seria em 30 de outubro, a segunda em 30 de novembro e agora em 18 de fevereiro. "Os pais de alunos e professores chegaram a se preparar para os eventos e quando chegavam ao prédio recebiam a notícia do cancelamento de última hora sem saber o motivo". De acordo com a presidente do Conselho Escolar, professora Zuilma Selma, a informação que chegava à escola era apenas de que teria havia problemas junto à Cosern, fato que não foi confirmado pelo secretário municipal de Educação, professor Elias Nunes.
Segundo ele, a escola não foi aberta porque há pendências jurídicas que impedem de fazer mudanças porque toda escola precisa da certificação do habite-se para poder funcionar. "O setor de engenharia da SME está providenciando a documentação e esperamos que até o final do mês a escola seja inaugurada e comece a funcionar no prédio novo", previu o secretário. Mas ao visitar a escola nova, a reportagem do Diário de Natal constatou algumas gambiarras que levavam à caixa de luz, o que leva a crer que existem problemas relatados pela comunidade com a instalação elétrica. "À noite, quando ligam a luz da quadra, a escola toda fica escura", disse uma moradora que não quis se identificar.
De acordo com a presidente do Conselho Escolar, professora Zuilma Selma, o anúncio de que o início do ano letivo seria já no prédio novo aumentou em muito a demanda. "Todos os dias , os pais vêm à escola para saber notícia do início das aulas, as crianças não falam em outra coisa, quem não quer estudar numa escola novinha?", justifica ela. A doméstica Vanilma da Silva Barbosa, mãe de Jefthé Barbosa, 7 anos, que vai cursar o 1º ano, espera que as aulas comecem já no novo prédio porque o atual "não tem a mínima condição de funcionamento, o que seria até um risco deixar uma criança brincar na quadra", alertou ela.
Vândalos
Devido aos seguidos cancelamentos da inauguração, chegou-se até a se falar em começar o ano letivo no prédio antigo para depois fazer a mudança. Mas, segundo a diretora, isso está fora de cogitação. O prédio do Grêmio Beneficente dos Pescadores, onde a instituição vinha funcionando, realmenteestá em péssimas condições. "Tem tudo do que a própria Secretaria não recomenda para as escolas conveniadas quanto mais para as do município", disse Zuilma Selma, mostrando problemas de infiltração no teto, carteiras quebradas, quadra de esporte com piso de cimento e desnivelado, paredes sujas e corredores com buracos, entre outros.
Enquanto permanece a pendenga jurídica citada pelo secretário Elias Nunes, a comunidade situada no entorno da escola reclama da constante presença de vândalos no prédio, chegando a pichar a fachada e paredes laterais, além de roubar várias luminárias. "Como a escola foi construída em cima de um campo de futebol, quando a quadra de esportes foi construída foi liberada imediatamente para a comunidade e isso tem facilitado a presença dos vândalos", disse um morador.
Funcionando há 12 anos, a nova escola é fruto de uma importante conquista comunitária para o bairro de Santos Reis. "Como se trata de um prédio alugado, havia sempre o perigo de despejo devido aos atrasos de pagamento. Daí começamos a travar uma luta para a liberação do terreno pertencente à Aeronáutica, onde a Prefeitura de Natal começou a construir a escola, bem próxima à anterior, em 2008", relata a diretora Linélia.