postado em 23/02/2010 20:09
O militar da aeronáutica Andrei Bratkowski Thies, acusado de assassinar a gaúcha Andréia Rosângela Rodrigues, e os seus pais, Amilton e Mariana Thies, acusados de envolvimento no crime, vão a juri popular e continuarão presos até o julgamento. A decisão é da juíza da 1; Vara Criminal da Comarca de Parnamirim, Daniela do Nascimento Cosmo, e foi anunciada nesta segunda-feira (22).Nos autos do processo, a juíza afirma que a família Thies permenecerá presa para garantia da aplicação da lei penal. "Não se deve esquecer que os acusados mentiram do início do inquérito policial até o último momento antes de ter sido encontrado o corpo de Andréia na casa dos mesmos, em clara demonstração de que se tiverem uma oportunidade tenderão à escapar à aplicação da sanção penal", disse.
Outro fator que fudamenta a decisão da justiça, envolve uma possível fuga da família. "Os acusados não possuem vínculo com o distrito da culpa, seus maiores vínculos são com o Rio Grande do Sul, e em sendo soltos, certamente se deslocariam para aquele Estado, e de lá, poderiam desaparecer dificultando a aplicação da sanção", afirma a juíza.
A juíza ressaltou que o Tribunal de Júri deverá julgar a acusação de homicídio em relação aos três acusados, com a manutenção das qualificadoras de motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Caberá ao Júri, avaliar a aplicação das qualificadoras por ocasião do julgamento. "Observe-se que as qualificadoras somente podem ser afastadas quando manifestamente improcedentes e incabíveis, o que não é a hipótese dos autos", disse.
Defesa
A decisão da juíza Daniela do Nascimento, foi recebida com surpresa pelo advogado de defesa da família Thies, Álvaro Filgueira. "Não esperávamos a manutenção da prisão dos pais de Andrei. Tínhamos certeza da liberdade dos dois", destacou.
Álvaro Filgueira informou que aguarda a intimação oficial para entrar com um recurso em sentido estrito, combatendo o que consta na sentaça. Ele acredita que o Juri Popular deverá acontecer até o final do ano, caso haja pauta de juri prevista. "A partir da intimação, teremos um prazo para trabalhar com o recurso. Vamos solicitar diligências e o habeas corpus dos pais de Andrei", disse.
Memória
A dona de casa Andréia Rosângela Rodrigues foi morta no dia 22 de agosto de 2007 na casa onde morava com o sargento da Aeronáutica Andrei Thies, seu marido, e as duas filhas no conjunto Cidade Verde, em Parnamirim. Num primeiro momento, a família Thies se mostrava preocupada com o suposto desaparecimento da esposa do militar. Contudo, no decorrer das investigações, o delegado responsável pelo caso, Raimundo Rolim, da Delegacia Especializada de Homicídios, viu que não se tratava de um simples desaparecimento por causa das diferentes versões apresentadas pelo sargento e sua família.
No dia 29 de outubro, o corpo da dona de casa foi encontrado em avançado estado de decomposição, dentro de um saco de dormir, no quintal da casa onde estavam morando Amilton e Mariana Thies. Mesmo depois de achado o cadáver, os Thies continuavam a dar várias versões para o crime. Eles foram indiciados no final do ano de 2007.
No início de 2008, o então juiz Eduardo Feld ouviu os acusados. A versão definitiva da defesa foi a de que Andrei Thies teria cometido todo o crime (assassinato e ocultação de cadáver) sozinho. No final de julho, o juiz ouviu as testemunhas de acusação e decidiu por suspender a prisão preventiva contra Amilton e Mariana Thies. Quatro meses depois, porém, a juíza Arklenya Pereira, que assumiu o caso, voltou a decretar a prisão dos pais do sargento.
Por Marcela Cavalcanti, do DIARIODENATAL.COM.BR