postado em 25/02/2010 07:00
Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) decide manter o status de pandemia para o vírus A (H1N1), causador da doença conhecida popularmente como gripe suína, o Brasil fecha os últimos detalhes para iniciar a vacinação. O estado mais populoso do país, São Paulo, estabeleceu ontem o número de pessoas que, por atenderem os critérios do Ministério da Saúde, serão imunizadas: cerca de 13,3 milhões. No Distrito Federal, o contingente é de 854.645. Dividida em quatro etapas e com público-alvo definido, a campanha exigirá das secretarias estaduais de saúde uma estratégia diferente de divulgação. Na capital, as primeiras ações começam no início de maio, com propaganda de rádio e televisão, banners e cartazes.;Não se trata de uma campanha nos moldes tradicionais. Então, para evitar problemas, procuraremos informar bem às pessoas quanto às regras para se vacinar. Esperamos contar com a compreensão da população;, destaca Ana Maria Rocha Oliveira, chefe do Núcleo de Imunização e Rede de Frio da Secretaria de Saúde do DF. Ela destaca que na primeira fase, de 8 a 19 de março, serão vacinados os profissionais de saúde que lidam com pacientes e a população indígena. Em seguida, virão as gestantes, as crianças de seis meses a dois anos e os portadores de doenças crônicas com menos de 60 anos. Na terceira fase serão imunizadas as pessoas de 20 a 29 anos. Por fim, idosos de 60 anos ou mais com doenças crônicas.
Sobre a população não abrangida nos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde ; como a faixa etária de 2 a 19 anos, por exemplo, Ana Maria reafirma uma determinação do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. ;Se tiver doença crônica, receberá a vacina;, diz. Não será exigida da pessoa comprovação nem de doença nem de gravidez. Porém, a chefe da imunização pede responsabilidade. ;A pessoa que mentir tem que saber que estará tirando a dose de alguém que vai precisar;, afirma. O DF receberá do governo federal cerca de 940 mil doses, aproximadamente 10% a mais que o cálculo original de demanda. ;É uma margem que nos garante resolver problemas como eventuais perdas ou lotes incompletos;, afirma.
Ontem, o comitê consultivo da OMS decidiu manter o H1N1, que já matou cerca de 16 mil pessoas no mundo, em estado de pandemia por considerar que, embora tenha havido uma queda importante de casos, especialmente na Europa e na Ásia, é necessário aguardar um pouco mais antes de considerar reclassificar o vírus. A prova de fogo será o inverno no Hemisfério Sul, que começa nos próximos meses. ;É precipitado concluir que todas as partes do mundo atingiram um pico de transmissão do vírus H1N1;, diz o documento divulgado pela OMS.
OMS rebate as críticas
O debate travado pelo comitê da Organização Mundial da Saúde (OMS), ontem, sobre a revisão do nível de alerta do vírus H1N1 foi interpretado por parte da comunidade internacional como uma resposta às críticas recebidas, em função das regras que o órgão vem adotando para declarar emergências. Membros do Parlamento europeu chegaram a sugerir que a OMS teria mantido, nas últimas resoluções, o estado de alerta influenciada pela indústria farmacêutica. Como no Hemisfério Norte a doença não foi tão violenta conforme era esperado, milhares de doses de vacinas ficaram estocadas. Um dos objetivos da última reunião, portanto, seria resgatar a confiança na OMS, tirando seus atos do foco de suspeitas.
Mesmo mantendo o nível de pandemia para o vírus, a OMS reconhece a possibilidade de já ter havido o pico da doença em alguns países. Nesses locais, o H1N1 se comportaria atualmente como o vírus da gripe sazonal. Entretanto, prevaleceu a avaliação de que declarar qualquer modificação no cenário poderia desestimular os países que vão iniciar a vacinação, como o Brasil.
Além de contribuir com a imunização, a manutenção do alerta de pandemia também serve para que os países não afrouxem as medidas de prevenção da gripe suína. No Distrito Federal, paralelamente à divulgação da campanha de vacinação, o governo retomará os programas de esclarecimento. A população será lembrada, em propaganda de rádio e televisão, entre outras mídias, de atitudes simples para prevenir a doença, bem como lavar as mão e usar lenços na hora de tossir. ;No início de março, voltaremos a alertar sobre essas medidas que as pessoas acabam esquecendo depois de um tempo;, diz Ana Maria Rocha Oliveira, chefe do Núcleo de Imunização e Rede de Frio da Secretaria de Saúde do DF. (RM)