postado em 05/03/2010 10:34
A interdição de grandes rodovias, como a Régis Bittencurt e a Fernão Dias, devido à chuva não pode ser encarada como um fato corriqueiro, na avaliação do professor de Infraestrutura de Transportes da Universidade de São Paulo (USP) José Leomar Fernandes. ;Não podemos aceitar uma estrada ficar interrompida com essa frequência;, ressaltou.Segundo o professor, as fortes chuvas que atingiram o país nos últimos meses não deveriam ser suficientes para causar tantos transtornos nas estradas. Para ele, existem problemas estruturais na elaboração dos projetos de engenharia. ;Ou é erro do calculista ou erro de método;, afirma Fernandes. Ou seja, ou o engenheiro responsável pelo projeto calculou mal para fazer o projeto da rodovia ou os métodos ensinados nas universidades brasileiras apresentam falhas. ;A gente não faz uma estrada para ficar interrompida seis meses;, destacou.
A Rodovia Fernão Dias que liga São Paulo a Belo Horizonte foi fechada há uma semana no trecho em direção a capital mineira após um deslizamento de terra afetar a estrutura de um viaduto. A empresa concessionária da via estima que o reparo deverá durar de dois a seis meses. As rodovias Régis Bittencurt e Dutra, que ligam a capital paulista a Curitiba e ao Rio de Janeiro, respectivamente, também tiveram trechos interditados pelas chuvas e possuem desvios em seus trajetos.
Falhas na manutenção também podem colaborar para os danos nas rodovias, segundo Fernandes. ;O trabalho preventivo precisa ser mais enfatizado;, alerta.
Mas as causas desses problemas só podem ser identificadas com investigações específicas e com pesquisa para analisar os métodos adotados na construção e conservação das estradas. Porém, há alguns entraves. Segundo ele, no campo da investigação científica, algumas vezes, os órgãos responsáveis pelo financiamento não se interessam em financiar estudos de ;coisas práticas;. Por outro lado, as instituições de ensino e os pesquisadores não dão tanta importância a esses assuntos. E, por último, há ainda os casos em que os responsáveis pela manutenção das estradas não aproveitam os estudos.