Brasil

Sindicalistas entregam pauta de reivindicação à Fiesp pela redução da jornada para 40 horas

postado em 12/03/2010 15:50

São Paulo ; Sindicalistas e trabalhadores entregaram na manhã desta sexta-feira (12) a representantes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) uma pauta de reivindicações pedindo a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução dos salários.

A pauta pelo gerente do Departamento Sindical da Fiesp, Márcio Antonio D;Angiolella, que se comprometeu a encaminhá-la para uma negociação com as indústrias paulistas. A Fiesp, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não faria nenhum comentário sobre a pauta até que ela seja discutida dentro da federação.

O documento foi assinado por 51 sindicatos de São Paulo. Os sindicalistas afirmam que a jornada de 44 horas praticada no Brasil é uma das maiores do mundo e a redução para 40 horas permitiria que trabalhador participe de cursos de aprimoramento profissional e passe mais tempo com sua família. Para os sindicalistas, a redução implicaria num aumento, no custo total de produção, ;de apenas 1,99%; e poderia gerar 1,7 milhões de empregos imediatamente.

;Temos a certeza quase absoluta de que a Fiesp não vai aceitar;, admitiu o presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, Claudio Magrão de Camargo Cre, o Magrão. Apesar do pessimismo com relação à receptividade da pauta, Magrão valorizou a iniciativa.

Segundo ele, essa é uma primeira tentativa de acordo pela redução da jornada e que haverá também uma pressão sobre o Congresso Nacional para que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 231) seja aprovada. ;Com a pressão política das eleições deste ano, tenho certeza de que eles [parlamentares] vão votar favoravelmente à redução da jornada de trabalho;, afirmou.

De acordo com o deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, caso os acordos não avancem, a alternativa será deflagrar uma greve nos setores de metalurgia, química, alimentação e comércio, por exemplo. ;Ou tem negociação ou terá greve, fábrica por fábrica;, disse. ;Não é uma greve geral porque já há categorias que trabalham menos;, explicou.

Paulinho defendeu a redução não só pelo fato de gerar, pelos seus cálculos, 2,5 milhões de empregos, mas também porque o trabalhador terá mais qualidade de vida. ;O trabalhador poderá ficar mais com sua família, se preparar melhor, estudar, se qualificar;, disse.

Para Jayme Borges Gamboa, coordenador da bancada patronal do Grupo 10 ; que reúne sindicatos dos setores de lâmpadas, material bélico, estamparia, equipamentos odontológicos, dentre outros ; a redução da jornada vai trazer muitos problemas para a indústria e para a economia porque menos horas de trabalho, em sua opinião, vão significar ;menos produção;.

Segundo ele, não é verdade que a redução da jornada vá gerar nvos empregos. ;Acredito que a redução de jornada não cria nenhum emprego se não tiver posto de trabalho. E posto de trabalho só é criado quando se tem uma economia devidamente sustentável;, afirmou.

;O pensamento empresarial é de que não é o momento adequado para a gente fazer isso. Primeiro, porque estamos saindo de uma crise. Temos - 0,2% de PIB [resultado relativo ao Produto Interno Bruto de 2009, divulgado ontem (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]. E, aí, já vem uma turma pedir aumento de salário e redução de produtividade? Fica meio difícil.;

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