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Para cada 18 armas apreendidas, uma pessoa deixa de ser morta a tiros em São Paulo, diz pesquisador do Ipea

postado em 17/03/2010 21:17
São Paulo - Um estudo que está sendo desenvolvido pelo pesquisador Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com a Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, mostrou que entre os anos de 2001 e 2007 houve uma queda de 61% no número de latrocínios e homicídios no estado de São Paulo e que a queda foi maior após a implantação do Estatuto do Desarmamento.

No estudo, Cerqueira afirma que 13 mil vidas foram poupadas pela política de desarmamento de São Paulo. Uma de suas conclusões é de que ;o controle de armas é peça fundamental para a política de segurança pública;. Segundo ele, a cada 18 armas que foram apreendidas pela polícia paulista, uma vida foi poupada.

Numa mesa redonda realizada na tarde desta quarta-feira (17/3), em São Paulo, durante o 4; Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os representantes das organizações civis que lutam pelo fim da violência lamentaram a falta de fiscalização policial que facilitam a circulação de armas ilegais. Eles defendem um controle mais rigoroso do Estado para impedir que as armas circulem com facilidade.

Para Antônio Rangel, coordenador do programa de armas da ONG Viva Rio, o Estado erra, por exemplo, ao não fiscalizar as empresas de segurança privada, o comércio e até o transporte das armas.

;As empresas de segurança privada no Brasil não são devidamente fiscalizadas. O comércio não é controlado: por baixo do pano, por baixo do balcão, as lojas vendem arma e munição para a bandidagem. São grandes buracos que existem. Tem também o transporte de armas. As armas são desviadas. A própria polícia diz que transporte de arma é como transporte de tomate: já se sabe que parte fica pelo caminho;, disse.

Heather Sutton, coordenadora da área de controle de armas do Instituto Sou da Paz, disse que o Estado peca por não controlar os seus arsenais, que podem chegar aos criminosos pela corrupção policial ou por meio de furtos e roubos. ;Precisamos de medidas para fortalecer a segurança desses arsenais;, afirmou. Segundo ela, outra maneira de impedir que armas cheguem ao mercado ilegal é pelo desarmamento dos cidadãos comuns.

;O que a gente precisa também trabalhar são desvios que existem no mercado legal para o mercado ilegal. E eles se dão principalmente pelo roubo e furto de armas de cidadãos comuns que compram armas para se defenderem. Só em 2003, foi divulgado que em torno de 27 mil armas foram roubadas de pessoas que as tinham em casa;, disse.

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