postado em 18/03/2010 17:35
Rio de Janeiro - As políticas habitacionais e de infraestrutura urbana devem levar em conta as sugestões da sociedade, principalmente da parcela marginalizada em guetos, como as favelas. Para discutir propostas e apresentar soluções, os movimentos sociais organizam paralelamente ao Fórum Urbano Mundial, das Nações Unidas (ONU), o Fórum Social Urbano (FSU).Os eventos serão realizados entre os dias 22 e 26 de março, em espaços distintos, na região portuária. Enquanto o evento da ONU reunirá cerca de 20 mil pessoas, no Cais do Porto, para debater a redução das desigualdades nas cidades, o fórum social deve atrair cerca de 3 mil participantes por dia, no espaço da Ação Cidadania, com o ponto de vista e as estratégias dos "prejudicados com as desigualdades".
As oportunidades de desenvolvimento e as implicações da realização de megaeventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 devem marcar as discussões do FSU. Os participantes querem propor alternativas para cerca de 120 comunidades, que serão removidas para instalação de infraestrutura durante as competições, como é caso da Vila Autódromo, em Jacarepaguá, que dará lugar ao Centro de Mídia dos Jogos Olímpicos.
"As Olimpíadas estão sendo tratadas como uma oportunidade de negócios e não de se pensar a cidade como um todo. É um negócio que vai beneficiar a população em torno dos equipamentos, que está em áreas já beneficiadas da cidade", afirmou Guilherme Marques, em relação à Barra da Tijuca. "Isso só aumenta o problema da concentração de renda e o problema da concentração urbana", disse ele, um dos organizadores do evento.
Outro problema que ganhará destaque no fórum social é a questão dos quilombos urbanos, reconhecidos recentemente por ações do governo federal, mas que sofrem grande pressão da especulação imobiliária. Uma oficina contará com relatos de representantes dos remanescentes do quilombo da Pedra do Sal, da zona portuária, e dos quilombolas de Sacopã, da Lagoa Rodrigo de Freitas, do Rio.
Também serão debatidos no espaço da Ação Cidadania, a criminalização da pobreza e violência, justiça ambiental e os impactos de grandes projetos sobre áreas centrais e portuárias. Segundo Marques, a ideia não é se contrapor ao fórum da ONU, mas ampliar as discussões, limitadas pelo "burocracia" da inscrição para o evento mundial.
São esperados no fórum social, a urbanista e relatora da ONU sobre o direito à moradia, Raquel Rolnik, o professor de Planejamento Urbano da Universidade de Columbia (EUA) Peter Marcuse, a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) Ermínia Maricato e o geógrafo David Harvey.
Um ato público está previsto para abertura do FSU, na segunda-feira (22), chamando atenção dos governos para as soluções sociais de urbanismo. Durante a semana, o fórum organizará palestras, visitas a regiões da zona portuária, a pontos turísticos da capital, além de apresentações artísticas, exposições e exibições de filmes.