Brasil

Ministério da Saúde dá início à segunda fase de vacinação, desta vez para gestantes

MS busca driblar a desconfiança sobre a segurança para mães e fetos. Maranhão antecipa data por causa de mortes de grávidas

Luiza Seixas
postado em 20/03/2010 07:00
Começa na próxima segunda-feira e vai até 2 de abril, em todo o país, a segunda etapa de vacinação contra a influenza A (H1N1) ; a gripe suína. O foco, agora, é vacinar 20,3 milhões de gestantes, crianças de 6 meses a 2 anos e a população com doenças crônicas. O primeiro grupo de risco, profissionais de saúde e índios, já foram vacinados. Ao término dessa primeira fase, o secretário de Saúde do Distrito Federal, Joaquim Barros Neto, fez um balanço positivo da campanha de vacinação. Segundo Barros Neto, o mesmo ritmo para os próximos grupos deve garantir o sucesso da estratégia nacional de vacinação, que é de imunizar 91 milhões de pessoas para um possível enfrentamento da segunda onda da doença.

No Distrito Federal, do primeiro grupo prioritário, foram vacinados 27,3 mil profissionais de saúde e 47 índios. Para Neto, a importância de vacinar esse grupo da área de saúde é pelo fato de eles estarem em contato com os pacientes diariamente. Após atender a essa parcela da população com sucesso, Joaquim Barros Neto afirma que os 94 centros de saúde do DF e os mais de 30 mil dos outros estados estão preparados para receber outro grupo que também preocupa muito, o das gestantes.

Liliane, grávida de quatro meses: ;As gestantes, durante a primeira fase, foram mais suscetíveis a esse vírus, que nessa população causou inúmeros óbitos. Apesar de estar no calendário que é só até 22 de abril, vacinaremos as gestantes até o fim da campanha. Aquelas que engravidarem após esse período poderão se imunizar. As crianças deverá receber duas doses. A segunda será administrada 30 dias depois da primeira. E o crônico com menos de 60 anos não deve deixar de procurar o centro, pois tendo contato com a doença, terá tudo para complicar e chegar ao óbito;, explicou.

Para aquelas com receio de se vacinar, o secretário de Saúde do DF explicou que a medicação é segura, mas, como todas as outras, pode ter efeitos adversos. ;A pessoa pode ter febre, dores no corpo e até simular um quadro gripal, mas isso é normal e o paciente pode ficar seguro em relação à proteção, ela é eficiente. Além disso, vale lembrar que após a imunização, as pessoas não devem esquecer de cuidados como lavar as mãos e se manterem hidratadas;, afirmou.

Primeira onda
Apesar do medo destacado pelo secretário, pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde mostra que 71% da população acreditam na eficácia da vacina, 83% não têm medo e 84% gostariam de ser imunizados. Além disso, o estudo constatou que apenas 64% sabem da campanha de vacinação, por isso, o ministro José Gomes Temporão chamou atenção para a necessidade de mais pessoas estarem cientes da imunização. ;Desenvolvemos uma tecnologia que não é expressa em prédios ou em equipamentos. Criamos um programa de autossuficiência, fortalecemos o Instituto Butantã, o Instituto Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz e hoje somos autossuficientes da maior parte de vacinas para proteção dos brasileiros;, afirmou o ministro, por meio da assessoria.

As grávidas Liliane Ribeiro dos Santos, 31 anos, e Queila Cristina de Paula, 25 anos, fazem parte daqueles que acreditam na eficácia da vacina, não têm medo e querem ser imunizadas. Com quatro meses de gravidez, Liliane afirmou que já na segunda-feira vai procurar um centro de saúde para se vacinar. Ela destacou que, vendo os inúmeros óbitos de grávidas na primeira onda da doença, nem cogita a hipótese de não se imunizar. ;Preciso cuidar de mim e do meu bebê. Além disso, vou levar as crianças da minha família para também se vacinarem;, afirmou.

Com sete meses de gestação, Queila disse que seu médico lembra, em todas as consultas, da importância de se vacinar contra a influenza A (H1N1). ;Além de me cuidar, eu preciso pensar na criança. Eu sei que se eu pegar a doença, vai ser ruim também para o bebê. Tem muita gente com medo, mas eu fico com medo é de não me vacinar e correr riscos, inclusive, de morrer;, afirmou.

Dois dias de antecedência
A Secretaria de Estado de Saúde do Maranhão decidiu antecipar a segunda etapa de vacinação contra a influenza A (H1N1). Programada para começar na segunda-feira, a imunização de gestantes será iniciada hoje em regime de mutirão. Até o momento, sete mortes de mulheres grávidas foram causadas pela doença e outros três óbitos estão sob suspeita no estado. Uma jovem de 25 anos, grávida, morreu na madrugada de ontem. Ela estava internada no Hospital Geral, com suspeita de influenza A. Na madrugada de quinta, a vítima foi Gisele Cristina Serra, 30 anos, que estava grávida de seis meses. A criança nasceu minutos antes da morte da mãe, mas está internada na UTI em estado grave por causa do nascimento prematuro. De acordo com o novo boletim da secretaria, foram notificados 24 casos até agora, sendo 15 suspeitos, sete confirmados e dois descartados.

Confira as datas de vacinação de acordo com a faixa etária:

22 de março a 2 de abril
# Gestantes
# Crianças de 6 meses a menores de 2 anos
# População com doença crônica

5 a 23 de abril
# População de 20 a 29 anos

24 de abril a 7 de maio
# Idosos com 60 anos ou mais

10 a 21 de maio
# População de 30 a 39 anos

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