postado em 22/03/2010 08:31
São Paulo ; A polícia de São Paulo começou uma operação especial na noite de ontem para levar Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá ao Fórum de Santana, Zona Norte da capital. Os dois são acusados de matar Isabella Nardoni, 5 anos, na noite de 29 de março de 2008 e começam a ser submetidos hoje ao 2; Tribunal do Júri da Justiça de São Paulo.A sessão está marcada para ter início às 13h. O casal de réus deixará a penitenciária de Tremembé, a 133 quilômetros de São Paulo, e ficará alojado em uma cela especial, próxima ao fórum. Alexandre e Anna Carolina não poderão se comunicar. Por causa do assédio da população e da imprensa, a Secretaria de Segurança não informou as unidades que abrigarão os réus. Uma medida da comoção popular amanheceu estampada no muro branco em frente ao Fórum de Santana, ontem: ;Nardoni: assassino e covarde!!”. Como o julgamento está previsto para durar alguns dias, o pai e a madrasta de Isabella dormirão em delegacias até que saia a sentença.
Na tarde de ontem, a advogada Roselle Soglio, que integra a equipe de defesa, afirmou que não pedirá ao juiz Maurício Fossen que adie o julgamento por causa da ausência do pedreiro Gabriel Santos Neto. Ele é uma das testemunhas convocadas pela defesa, mas não havia sido localizado até o início da noite de ontem por oficiais de Justiça. ;Não vamos pedir adiamento por isso;, afirmou por telefone Roselle. Os trâmites legais permitem que a defesa faça o pedido de adiamento a qualquer momento, inclusive na hora do julgamento, quando a petição pode ser entregue pessoalmente ao juiz.
Logo depois da morte de Isabella, Gabriel Santos Neto deu uma entrevista a um jornal de São Paulo afirmando que a obra na qual trabalhava havia sido invadida na mesma noite da morte da criança. Os advogados do casal de réus sustentam que um ladrão teria entrado por essa obra, pulado para a área do Edifício London, onde moravam Alexandre e Anna Carolina, e entrado no apartamento do casal. Essa mesma pessoa teria jogado a criança pela janela. No entanto, ao ser intimado pela Polícia Civil durante as investigações, Gabriel negou as alegações que fez ao repórter.
Testemunhas
O promotor Francisco Cembranelli, que acusa o casal, disse ontem também não acreditar no adiamento do Tribunal do Júri. Segundo ele, a testemunha não é tão importante para o caso. ;Não existem evidências provando que uma terceira pessoa esteve no apartamento;, afirma. A perícia esteve lá 17 vezes e não encontrou digital de estranhos, concluiu a polícia científica.
Se o juiz mantiver mesmo o júri, a sessão começará com o sorteio das sete pessoas que formarão o conselho de sentença. Em seguida, Alexandre e Anna Carolina sentarão no banco dos réus e as testemunhas de defesa começam a ser ouvidas pelos advogados. Ao todo, são 23 testemunhas. Apenas três são de acusação, incluindo aí a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira. Outras 17 foram convocadas pela defesa e três são comuns à defesa e à acusação, entre elas uma delegada, uma perita e um legista.
A acusação vai tentar convencer o júri de que Alexandre e Anna Carolina são pessoas frias e que foram capazes de matar a pequena Isabella. A defesa vai mostrar que o casal gostava da criança e que jamais faria um ato desses. Contra eles há uma perícia minuciosa com uma série de laudos apontado que Anna Carolina asfixiou Isabella e Alexandre a jogou, ainda viva, da janela do quarto do filho mais velho.
TELEVISÃO, LEGUMES, FRUTAS E TEMPERO
O advogado Roberto Podval deve pedir à Justiça que o julgamento do casal Nardoni seja televisionado. Nos últimos dias, ele já pediu para usar como prova nabo, cenoura, banana e alho para questionar o trabalho dos peritos. Segundo o defensor, a possibilidade de falar na TV atenuaria a imagem negativa do casal na sociedade. Ele também disse que, usando os alimentos, espera provar que não há certeza sobre a existência de sangue no apartamento. O reagente usado pelo Instituto de Criminalística para detectar sangue também agiria com diversos produtos, entre eles os legumes, frutas e temperos citados, diz o advogado.