postado em 29/03/2010 16:55
São Paulo - A Confederação Nacional do Turismo (CNTur) e a Associação Brasileira de Gastronomia (Abresi) assinaram nesta segunda-feira (29/3) parceria com a Fundação Dorina Nowill para Cegos para a produção de cardápio em formato braille a preços mais acessíveis. A parceria, firmada durante a Feira Internacional de Produtos e Serviços para Gastronomia, Hotelaria e Turismo (Fistur), prevê também o treinamento e a capacitação dos funcionários dos estabelecimentos.De acordo com lei municipal, todos os estabelecimentos no município de São Paulo que comercializem refeições e lanches são obrigados a disponibilizar um ou mais cardápios em braille, constando o nome do prato, ingredientes utilizados, relação de bebidas e preços. Além de braille, o cardápio deve ter o texto em tamanhos maiores para aqueles que tem baixa visão e que não leem o braille.
O diretor presidente da Fundação Dorina Nowill para Cegos, Alfredo Weisflog, disse que a parceria fará com que os estabelecimentos se enquadrem na lei e que os deficientes visuais tenham pleno acesso a restaurantes, lanchonetes e bares. ;Como qualquer outro ser humano ele [cego] come, consome, paga impostos e tem pleno direito a ter informação e independência de escolher seu menu e não depender de que outros leiam para ele.;
Para Weisflog, nem todos os estabelecimentos se enquadravam na lei porque a confecção do cardápio tem custo elevado. Além disso, segundo ele, as empresas avaliavam esse tipo de cardápio como ;dispensável; uma vez que nem todos os dias recebiam clientes com deficiência visual. ;Por isso os estabelecimentos preferem ler o cardápio. E a inclusão [do cardápio em braille nesses locais] nem sempre é um trabalho de simples convencimento.;
O custo de um cardápio em braille varia de R$ 40 a R$ 45. Mas os afiliados à Abresi terão descontos e poderão oferecer treinamento aos funcionários sobre como tratar um deficiente visual.
O presidente da Abresi e da CNTur, Nelson de Abreu Pinto, reforçou que a parceria tem o intuito de melhorar o atendimento aos portadores de necessidades especiais, além de arrecadar recursos para ajudar essas pessoas. ;Antes, cada estabelecimento procurava seu próprio fornecedor para fazer o cardápio. Com a parceria todos farão no mesmo lugar. Antes não se fazia isso porque não havia integração entre as entidades oficiais.;
Para a revisora braille Rita de Cássia Martins de Araújo, o cardápio braille é mais uma forma de ajudar o deficiente visual a se sentir independente. ;Quando vou a um restaurante e não há o cardápio braille preciso pedir ajuda das pessoas, do garçom. É até meio constrangedor sabendo que isso poderia não ser necessário já que temos recursos e uma lei para isso.;
Rita lembrou que em diversas situações já citou a obrigatoriedade do cardápio braille em estabelecimentos que não o disponibilizavam para o cliente. Ela disse que os proprietários precisam ser melhor informados e que o poder público tem de intensificar a fiscalização.