Brasil

Especialistas criticam sistema brasileiro de avaliação do ensino

postado em 29/03/2010 21:36
Brasília - O atual sistema nacional de avaliação da educação foi criticado nesta segunda-feira (29/3) por especialistas, gestores e participantes da Conferência Nacional de Educação (Conae). Durante um colóquio sobre o tema, o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Luiz Carlos Freitas condenou o uso dos resultados dessas avaliações que criam rankings de escolas e políticas de pagamento de bônus para professores que estão nos estabelecimentos com melhor desempenho.

Na opinião de Freitas, as avaliações em larga escala como a Prova Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio e o próprio Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) acabam ;apontando um canhão para a escola;. Segundo ele, as avaliações não levam em conta o contexto social em que ela está inserida e a condição econômica de seus alunos e da escola, fatores que influenciam diretamente no desempenho.

;Há razões e razões para que as coisas não funcionem na escola e é só nas planilhas que elas são assim claras e transparentes;, defendeu. O ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) Reynaldo Fernandes também participou do debate e defendeu os atuais mecanismos de avaliação que, segundo ele, podem ser aprimorados.

;O Ideb aponta um resultado, mas ele não pode dizer porque aquilo aconteceu, é querer demais de um índice. Um termômetro mede a febre, mas não aponta qual é a causa;, comparou. Na opinião de Fernandes, os sistema nacional de avaliação ;avançou muito; ao definir metas e universalizar alguns exames que antes só eram feitos por amostragem.

Para Freitas, o atual governo avançou pouco nas políticas educacionais em relação ao anterior. Ele defendeu um modelo de avaliação que possa medir o valor agregado. Isso significa avaliar o conhecimento do aluno no início e no fim de cada etapa para aferir o quanto ele aprendeu. ;Devemos tomar por base como ao aluno chegou e não só avaliar como ele saiu;, afirmou.

[SAIBAMAIS]Para o especialista, as avaliações em larga escala feitas hoje pelo governo federal não chegam até as escolas. Ele defende que as instituições de ensino sejam responsáveis por suas avaliações, discutindo internamente os problemas. ;A avaliação tem que valorizar e envolver os atores da escola. Assim ela pode discutir o que o poder público deixou de fazer e o que ela deixou de fazer;, disse.

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