postado em 01/04/2010 08:32
Goiás ; Cerca de 15 mil pessoas acompanharam a Procissão do Fogaréu na cidade de Goiás na madrugada desta quinta-feira (1;/4). O ritual resgata tradições do século 18 e representa a perseguição dos soldados romanos a Jesus na antiga Jerusalém. A tradição no município de Goiás Velho (antiga capital do estado) tem cerca de 138 anos. Os 40 farricocos, personagens centrais da encenação, saíram descalços, com vestimentas de seda coloridas, inspiradas nas procissões da Espanha e de Portugal dos séculos 17 e 18. Com as luzes apagadas, somente as tochas carregadas por eles e por 300 fiéis, iluminaram as ruas durante o percurso.
Da Igreja da Boa Morte, os farricocos partiram em direção a Igreja do Rosário. Lá eles encontraram uma mesa com pão e vinho, que simulava a última ceia de Cristo. Na encenação, os penitentes perguntam onde está Jesus, e o hospedeiro responde que o Cristo "já se foi".
No decorrer do percurso, a procissão segue a batida dos surdos, que aceleram o ritmo da caminhada dos farricocos. Em alguns momentos, eles parecem mesmo correr, o que transmite a sensação de uma real perseguição. O menino Jean Lucas de Messias, de 11 anos, é um dos integrantes do grupo. Pela primeira vez, ele tocou surdo ao lado do pai no Fogaréu. "Eu fiquei com medo de errar, mas meu pai e o maestro me deram apoio. Espero tocar de novo."
Por último, os penitentes chegaram à Igreja de São Francisco de Paula, que representa o Monte das Oliveiras. Ali, um coral apresentou músicas barrocas do século 18. Um dos farricocos tomou o estandarte com imagem de Cristo pintada por Veiga Valle, que simboliza que Jesus foi finalmente capturado. Ainda com as tochas acesas, os farricocos ficaram parados nas escadarias da igreja e acompanharam a missa. O cenário emocionou a professora Margareth Cardoso que veio do Rio de Janeiro para a procissão.
;Eu sempre sonhei em vir aqui, por causa da semana santa. Não tenho palavras para expressar meus sentimentos ao ver todo este cenário.;