postado em 02/04/2010 15:23
O projeto Livro Falado lançou esta semana o site www.livrofalado.pro.br onde deficientes visuais podem ter acesso a mais de 350 livros gravados, de cerca de 280 autores brasileiros. ;O objetivo também é atender pessoas com cegueira dos outros países de língua portuguesa: Portugal, Angola, Moçambique, Timor Leste, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné Bissau;, disse à Agência Brasil a criadora do projeto, a mestre em teatro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Analu Palma.Para isso, o projeto, que existe há dez anos, conta com patrocínio da BR Distribuidora e a parceria da Academia Brasileira de Letras (ABL). ;Com a ABL, fiz uma parte desses livros que estão sendo colocados no ar;. A gravação da Coleção Voz da Academia contou com a adesão de artistas e locutores, como Lea Garcia e Iris Lettieri.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, no Brasil, a prevalência de cegueira na população é de 0,3% e de baixa visão, 1,7%. A pessoa com baixa visão é aquela que mesmo após tratamentos ou correção óptica apresenta diminuição considerável de sua função visual. O projeto Livro Falado pretende incluir os deficientes visuais em duas instâncias: na questão da literatura, de acesso ao livro; e no tocante à qualificação para o ator cego.
Analu Palma é autora do livro falado Uma História para Ler, Gravar e Ouvir, em que apresenta para as pessoas as habilidades e dificuldades de uma criança que não enxerga, além de ensinar como se grava livros para deficientes visuais. Com base nesses ensinamentos, ela começou a ministrar oficinas do livro falado. Já foram capacitados, até agora, mais de 400 ledores em todo o país. ;É por meio dessas oficinas que a gente está com esse acervo construído.;
Os ledores voluntários são qualificados e aprendem como transformar um livro impresso em uma obra acessível em áudio para uma pessoa que não enxerga. ;Outro procedimento é aprender a gravar em um programa de computador para que o livro já fique em CD;. A terceira fase da oficina se refere à voz do voluntário, ou seja, ensina como ter uma boa dicção, além de boa leitura. ;A gente transforma o livro numa coisa atraente para aquele que está ouvindo o material que a gente produz.;
Analu vem ainda pesquisando métodos para que o ator com deficiência visual possa se qualificar, produzindo também livros de teatro falado para ele. Ela o ensina ainda a tornar o corpo expressivo para as artes cênicas. ;O objetivo é abrir a comunicação por meio de canais artísticos tanto do teatro quanto da literatura.;
Para acessar os livros gravados, as pessoas cegas devem acessar o site www.livrofalado.pro.br. Para obter a gravação de um livro específico, é preciso enviar e-mail para livrofalado@livrofalado.pro.br. A remessa é gratuita.