postado em 15/04/2010 08:42
Um inquérito civil público do Ministério Público Federal, aberto ontem, vai investigar se está havendo aliciamento na transferência de jogadores brasileiros para o exterior. Durante um encontro realizado pelo Ministério da Justiça e autoridades da Suécia, procuradores da República receberam denúncias de que poderia haver nas negociações, recrutamento dos atletas mediante fraude. O MPF vai pedir informações sobre empresários, agentes e empresas que atuam na área perante a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Ministério do Esporte e pretende analisar os últimos negócios realizados pelos clubes.
As denúncias chegaram ao procurador regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo, Jefferson Aparecido Dias, durante o Seminário sobre Tráfico de Pessoas e Exploração Sexual, além de haver sites oferecendo serviços empresariais na área. %u201CDescobrimos na internet blogs e sites de relacionamentos onde empresários oferecem vagas em grandes clubes da Europa para jovens brasileiros%u201D, afirma Dias. %u201CPor isso achei que merecia uma investigação mais profunda%u201D, disse o procurador.
A apuração vai começar a partir do levantamento das transferências registradas pela CBF, que cataloga as negociações feitas por vias legais. Porém, a própria entidade reconheceu, em 2008, que pelo menos 800 jogadores seguiram para o exterior sem que as transações fossem oficializadas. %u201CO número é muito alto, e é mais um motivo para fazermos a investigação%u201D, diz o procurador. O segundo caminho da apuração será encontrar os supostos empresários e realizar um levantamento das pessoas enviadas a outros países.
O inquérito civil público é inédito no Ministério Público Federal, mas poderá abrir caminho para outras investigações, como lavagem de dinheiro. O procurador deverá solicitar ao Ministério da Justiça documentos ou apurações que estejam em andamento, já que existe a possibilidade de haver crimes de lavagem de dinheiro. %u201CO trabalho será feito em conjunto com todos os envolvidos%u201D, observa Dias.
Segundo o procurador, a cooperação interessa não apenas às autioridades públicas, mas também à própria CBF que terá um controle maior das transferências e dos agentes envolvidos.