postado em 19/04/2010 15:54
Rio de Janeiro ; Dezenas de manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam na manhã desta segunda-feira (19), a sede da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Rio de Janeiro e em São Paulo. Por volta das 5h desta segunda, o MST invadiu a sede nacional do Incra em Brasília, sem previsão para deixar o local.
Na sede de SP, cerca de 500 manifestantes ocuparam o Incra. Segundo o movimento, somente no estado de São Paulo, há 2 mil famílias acampadas à espera de terras. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a superintendência do Incra.
Abril Vermelho
Os protestos fazem parte de uma mobilização nacional, chamada Abril Vermelho, que lembra o conflito, ocorrido há 14 anos em Eldorado dos Carajás (PA), quando 19 lavradores foram mortos em confronto com a Polícia Militar.
[SAIBAMAIS]No Rio, pelo menos 30 pessoas vão acampar, por tempo indeterminado, no gabinete do superintendente regional do Incra. Cerca de 300 pessoas ocupam as calçadas em frente ao prédio onde fica o instituto, no centro do Rio.
Segundo o representante do Diretório Nacional do MST, Marcelo Durão, a manifestação também serve para pedir rapidez no processo de assentamento de 800 famílias vinculadas ao movimento no Rio de Janeiro. Além disso, segundo Durão, é preciso facilitar a vida das famílias já assentadas, com a concessão de crédito e a melhoria da infraestrutura dos assentamentos.
;É uma pauta que a gente já vem negociando há muito tempo. Então, esse protesto é uma forma de a gente fazer uma pressão, reunindo famílias de várias partes do estado;, disse Marcelo Durão, durante a manifestação.
O superintendente do Incra no Rio, Gustavo Souto de Noronha, recebeu os manifestantes em seu gabinete e reconheceu o direito dos sem-terra de se manifestar por meio da ocupação.
Noronha disse que a reforma agrária é uma demanda histórica dos trabalhadores rurais, que não será resolvida em apenas um governo. Segundo ele, cerca de 1,8 mil famílias aguardam para serem assentadas no estado.
;Temos um problema com a Justiça, que demora muito para decidir as ações de desapropriação ou então paralisa o processo no meio. Junto a isso, as demandas não param. Então nossa velocidade institucional, não só do Incra como das instituições da sociedade brasileira, não é condizente com a demanda e a necessidade das famílias de trabalhadores rurais, que precisam de terra para trabalhar;, disse Noronha.
Segundo o superintendente, outra dificuldade encontrada pelo Incra para assentar famílias de sem-terras no Rio de Janeiro é a força dos fazendeiros no estado, que, de acordo com Noronha, são muito bem organizados.