Brasil

Calendário de vacinação de idosos é alterado nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste

Instituto responsável pela produção de vacinas contra a gripe comum não consegue atender a demanda e a campanha de imunização para pessoas com mais de 60 anos é adiada nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste

Luiza Seixas
postado em 20/04/2010 08:00
[SAIBAMAIS]Um atraso na produção das vacinas contra a gripe sazonal (normal) pelo Instituto Butantan ; único laboratório público brasileiro responsável por esse trabalho ; fez com que o Ministério da Saúde alterasse a data de imunização dos idosos nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do país. Em vez de começar na próxima segunda-feira, com a aplicação de doses contra a influenza A (H1N1) para idosos com doenças crônicas, conforme previa o calendário inicial, as pessoas com mais de 60 anos de 16 estados e do Distrito Federal só poderão receber o composto a partir de 8 de maio. A decisão foi divulgada ontem. A medida, segundo o ministério, não altera as próximas etapas da vacinação contra a gripe suína.

De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Gerson Penna, o Butantan informou apenas na última sexta-feira que não poderia entregar todas as doses combinadas no prazo estipulado da campanha. E, com isso, apenas as regiões Norte e Sul do país receberiam o composto na data combinada. ;O ministério se viu obrigado a alterar a vacinação dos idosos. Mas destaco que esse adiamento não trará nenhum prejuízo. O importante é que se tome a dose antes de o inverno chegar, quando ocorre o auge da transmissão da gripe;, afirmou Penna, destacando a importância de se imunizar também contra a influenza A (H1N1). ;Essa gripe matou mais de 2 mil brasileiros e agora temos uma vacina eficaz. Estamos fazendo a nossa parte. Cada um precisa ser responsável e procurar um posto de saúde;, completou o secretário.

O atraso na produção foi explicado pelo presidente do Butantan, José da Silva Guedes, por meio de nota. Segundo ele, desde 2009 o instituto vem se esforçando para, além de atender à demanda do composto contra a gripe normal, fornecer o máximo possível de doses para prevenir a transmissão do vírus H1N1. Essa grande demanda gerou dificuldades técnicas e operacionais, que serão superadas, segundo ele, de forma contínua.

;Esses esforços permitiram que fossem firmados acordos para o fornecimento de 63 milhões de doses contra a gripe H1N1 e todas as necessárias à vacinação contra a gripe sazonal. Mas é necessário alertar que não será possível atender a totalidade da previsão inicial para a vacina sazonal. Segundo nossa programação e capacidade técnica, já entregamos ao Ministério da Saúde 4,5 milhões de doses. As que faltam serão entregues em novo cronograma, que se estenderá até a primeira semana de maio;, disse.

Logística
Para não prejudicar a logística do ministério, Guedes propôs, sem custo, que o instituto realizasse a entrega diretamente nos postos de saúde de todos os estados. Assim, encurtariam os prazos entre a liberação da vacina e sua chegada ao local de consumo. ;Temos convicção de que essas providências permitirão que a campanha de imunização do idoso contra a gripe sazonal e contra a H1N1 seja realizada de forma adequada a atender a todos;, completou.

Validade reduzida de 18 para seis meses
Após estudo divulgado pela Agência de Saúde do Canadá, que resultou na redução do prazo de validade da vacina contra o vírus H1N1 fornecida pela empresa Glaxo Smith Kline (GSK), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou ontem que vai adotar o mesmo procedimento. Agora, os lotes fabricados por esse laboratório terão um prazo de validade de seis meses, e não mais de 18 meses. De acordo com o diretor da Anvisa, Dirceu Barbano, a decisão não tem nenhuma relação com a qualidade ou a eficácia do composto. ;Esse prazo, a princípio, foi feito com base no da vacina comum, de 18 meses. Mas todos sabiam que havia a necessidade de um estudo para checar a estabilidade do produto. Ele foi feito e sabemos que reduzindo para seis meses ficamos mais seguros em relação à potência e à imunização que precisa causar;, afirmou. O Ministério da Saúde pediu à população para não se preocupar com a decisão, pois foi feito um rastreamento de todos os lotes e constatado que as doses já aplicadas estavam no prazo. (LS)

O número
28,3 milhões


Procura em clínicas particulares

Como o calendário de vacinação contra a gripe suína do Ministério da Saúde não atende toda a população, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou os laboratórios Solvay Farma e Sanofi Pasteur a fornecerem o composto para que as clínicas particulares também possam imunizar pacientes contra o vírus H1N1. Outros laboratórios ainda estão atualizando seu cadastro na agência a fim de receber o aval para distribuir o imunizante.

De acordo com a Anvisa, o preço do produto pode variar entre R$ 40,60 e R$ 54,43. No entanto, ressaltou a agência, cada clínica poderá adotar um preço maior, se for levado em consideração o trabalho do enfermeiro e a taxa cobrada pela aplicação.

Em Brasília, alguns estabelecimentos já disponibilizam a vacina contra a gripe suína. O Sabin, por exemplo, recebeu na semana passada 2 mil doses. De acordo com a supervisora técnica do laboratório, Lídia Abdalla, a procura é grande e até ontem pelo menos mil vacinas foram aplicadas. ;Tem muita gente procurando a imunização. Não sei se a quantidade que recebemos será suficiente para esta semana, mas estamos esperando receber mais. Aqui cobramos R$ 140 pela dose, mas podemos negociar caso tenha mais de uma pessoa na família querendo se imunizar;, disse. (LS)


Aumentam as imunizações

O Ministério da Saúde apresentou ontem o balanço sobre a imunização contra a gripe suína no país. O secretário de Vigilância em Saúde, Gerson Penna, destacou que houve avanços, como ter chegado à marca de 28,3 milhões de brasileiros imunizados ; dobrando o número de imunizações nos últimos nove dias. No entanto, alguns grupos ainda não atingiram a meta pretendida. A baixa procura das gestantes, doentes crônicos com menos de 60 anos e adultos entre 20 e 29 anos, por exemplo, continua preocupando a pasta.

Entretanto, de acordo com Penna, duas importantes metas foram atingidas. Todos os profissionais da área de saúde já se vacinaram e 86% das crianças entre 6 meses e 2 anos estão imunizadas. Mas ainda é preciso reforçar o alerta para os outros três grupos, diz o secretário, pois esta é a última semana de vacinação para esses segmentos. Até o momento, apenas 54% das grávidas, 56% dos doentes crônicos e 41% dos jovens entre 20 e 29 anos procuraram os postos de saúde para se vacinar. A meta do ministério é imunizar pelo menos 80% dessas pessoas.

;A nossa preocupação tem como base três importantes informações colhidas na primeira onda da doença. Primeiro, 75% das mortes eram em doentes crônicos; segundo, a mortalidade foi 50% maior em grávidas do que na população em geral; e, por último, 20% das mortes no ano passado foram de pessoas entre 20 e 29 anos. Os jovens acham que são imunes a tudo. Portanto, quero insistir que esses grupos têm um risco maior de adoecer de forma grave e de morrer em decorrência do vírus H1N1.; (LS)


Calendário

Confira as datas de vacinação contra a gripe comum para idosos e contra o vírus H1N1 para a Região Centro-Oeste:

24 de abril a 7 de maio
Doentes crônicos com mais de 60 anos devem se imunizar contra a influenza A (H1N1)

8 de maio a 21 de maio
Prazo para pessoas com mais de 60 anos receberem a vacina contra a gripe normal

10 a 21 de maio
Nesse período, devem buscar os postos de saúde a população de 30 a 39 anos

Até 21 de maio
Gestantes têm até essa data para se imunizar contra o vírus H1N1

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