Brasil

Vacina contra gripe suína tem baixa procura

Ministério da Saúde segue preocupado com adesão à vacina abaixo do esperado, especialmente de grávidas, doentes crônicos e jovens. Amanhã haverá novo mutirão

Luiza Seixas
postado em 23/04/2010 08:20
Amanhã, data em que se inicia a etapa para vacinar idosos com doenças crônicas contra a influenza A (H1N1), o Ministério da Saúde realizará uma reedição do Dia D de combate à gripe suína ; o primeiro foi em 10 de abril. Agora, o objetivo é tentar atrair a maior quantidade possível de grávidas, doentes crônicos com menos de 60 anos e jovens entre 20 e 29 anos aos postos de saúde de todos os estados. Esses três grupos, apesar de estarem entre os que mais apresentaram fatores de risco durante a primeira onda da doença no ano passado, não buscaram a imunização na mesma proporção do risco que correm.

Para se ter uma ideia, hoje é o último dia do calendário para eles se vacinarem e nenhum grupo conseguiu atingir a meta estabelecida pelo Ministério, ou seja, atender pelo menos 80% de cada grupo.

;É por isso que estamos convocando a abertura dos postos e unidades de saúde de todo o país neste sábado para vacinarem pessoas dos grupos prioritários de fases anteriores da campanha. Sabemos que 75% dos que morreram de gripe pandêmica tinham pelo menos uma doença crônica, ou seja, três a cada quatro pessoas que morreram. E, no ano passado, a mortalidade entre as grávidas foi 50% maior do que na população em geral. A elas, por isso, faço ainda um alerta: a gestante, quando não se vacina, está colocando em risco não apenas sua vida, mas também a do filho que carrega. Nesses casos, não vacinar é que pode ser perigoso;, alertou o ministro José Gomes Temporão.

Aproveitando o chamado do ministro, o diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, fez um apelo também para que os pais das crianças com idade entre seis meses e 2 anos não deixem de aproveitar o sábado para imunizar os filhos. Mesmo já tendo alcançado os 80% de vacinados, ele lembrou que agora o ministério vai trabalhar para chegar aos 100%, pois nessa faixa etária o indivíduo é mais vulnerável para doenças graves, o que leva, na maioria das vezes, ao óbito. ;Gestantes, doentes crônicos e crianças foram os mais atingidos pelo vírus no ano passado. Juntando todos esses, temos aí, aproximadamente, 90% das pessoas que morreram com a influenza. Por isso foram os primeiros a serem vacinados;, disse.

Hage destacou ainda que a preocupação com esses três grupos é tão importante que países que não têm recursos para comprar um estoque grande de vacina decidiram dar prioridade apenas a eles. ;Nós, no Brasil, decidimos estender a campanha e atender mais pessoas. E nossa decisão foi tomada após intenso debate com toda a sociedade científica e não apenas com técnicos no ministério. Todos foram ouvidos e concordaram com a nossa estratégia de vacinação. Nossas secretarias de Saúde também acharam fundamental atender outros públicos;, explicou.

Temor não é problema

O diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, disse não saber o real motivo pelo qual as pessoas estão deixando de procurar a vacina. Mas descartou a possibilidade de a população estar com medo. Pesquisa realizada pelo Ministério com 1.500 pessoas mostra que apenas 7% afirmaram ter algum tipo de receio. ;Mas esses entrevistados disseram que ainda vão procurar um posto de saúde. Elas não precisam se preocupar com as substâncias da vacina, como o mercúrio e o escaleno, e nem com o vírus. É um vírus morto que não causa nenhuma reação negativa;, destacou Hage.

Um ponto do estudo realizado que chamou a atenção do diretor foi o fato de 40% das pessoas terem alegado falta de tempo, o que influenciou a decisão do órgão em realizar mais um Dia D. ;Espero que todos os postos atendam nosso pedido para abrir nesse sábado. Além disso, é fundamental que eles funcionem adequadamente para evitar o que chamamos de oportunidade perdida. Ou seja, uma pessoa comparecer ao centro e não conseguir se vacinar por motivos como falta de material ou de profissional. Dificilmente ele retorna. Isso não pode acontecer.;

No primeiro Dia D, 36 mil postos de vacinação em todo o país abriram para atender quem ainda não havia se imunizado. Segundo o Ministério, mais de 33 milhões de pessoas foram vacinadas até agora. (LS)

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