Igor Silveira
postado em 24/04/2010 13:40
O governo brasileiro não quer que este ano seja como aquele que passou. E decidiu montar uma estratégia mais bem estruturada que a apresentada na última edição da Conferência de Mudanças Climáticas (Cop 15), em Copenhague, Dinamarca, em dezembro. Com o objetivo de conseguir resultados melhores na Cop16, que será realizada em Cancún, México, no fim deste ano, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e a secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, Branca Americano, embarcaram ontem para a África do Sul, onde vão participar de reuniões do Basic ; grupo de países formado por Brasil, África do Sul, Índia e China.A prioridade do encontro, que termina na segunda-feira, é estabelecer um plano comum de negociações que pressione os países desenvolvidos a definirem metas de redução de emissões de gases. De acordo com estudos dos integrantes do Basic, os números atuais na luta contra o aquecimento global não são suficientes para impedir que a temperatura ultrapasse o aumento previsto de 2;C.
Os quatro países também querem alterar o acordo de financiamento, por parte das nações desenvolvidas, dos projetos de mitigação dos gases do efeito estufa e de adaptação para reagir às mudanças climáticas. Na Cop 15, depois de intensas negociações, o valor foi fixado em US$ 30 bilhões, quando, segundo o Basic, seriam necessários de U$ 100 bilhões por ano até 2020. Os líderes dos países que formam o grupo querem chegar ao evento do México com a definição da quantia exata, da governança desses recursos e do mapeamento dos fundos já existentes.
;Hoje, existe uma obrigação moral no mundo de se negociar com uma postura mais proativa e menos de oferecer resistência;, afirmou Branca Americano, sobre posição mais firme e unificada do Basic. O grupo, inclusive, fechou, na primeira reunião do Basic realizada em Nova Délhi, Índia, um acordo de cooperação para ampliar a transferência de tecnologia e para criar o fundo de apoio à adaptação de países em desenvolvimento.
Abertos a negociação
A secretária de Mudanças Climáticas mostrou-se otimista no retorno do Fórum das Maiores Economias sobre Energia e Clima (MEF), que aconteceu esta semana, em Washington, Estados Unidos. Para ela, os representantes dos 17 países convidados para o evento apresentaram discursos mais flexíveis, gerando uma expectativa positiva para as negociações que devem acontecer na convenção de dezembro.
;Apesar de serem questões que ainda precisam ser discutidas mais profundamente, como métodos para mensurar as emissões de gases, é um grande avanço vê-las mais delineadas. O MEF é um fórum de debate e não de negociação como o da ONU, o que propicia uma conversa mais franca, mesmo que seja restrita a alguns países;, concluiu Branca.