Rodrigo Couto
postado em 30/04/2010 07:00
O Distrito Federal encabeça a lista das unidades da Federação que mais venderam e concederam portes de armas de fogo para defesa pessoal segundo o levantamento da ONG Instituto Sou da Paz. Os dados mostram que, de cada quatro armas vendidas no Brasil, uma está em Brasília. Dos 22.451 artefatos em 2008, 5.913 (26%) foram parar na capital e seus arredores. O DF também tem a maior taxa por 100 mil habitantes entre os locais que mais expediram autorizações aos cidadãos comuns (veja quadro ao lado).Uma das constatações do estudo, divulgado ontem na Câmara dos Deputados, é a de que a proibição do porte de armas para civis foi um dos principais fatores responsáveis pela redução de homicídios no país após 13 anos de crescimento. No primeiro ano de vigência do Estatuto do Desarmamento, houve uma queda de 8% nos assassinatos e de 90% na comercialização de armas de fogo. Em 2006, segundo a ONG, a diminuição desse tipo de crime chegou a 12%.
Ao mesmo tempo em que o levantamento, realizado a partir de dados fornecidos pelas polícias militares, civis e federal, constatou que o DF é o campeão do comércio de armas de fogo, outro estudo do Ministério da Saúde mostrou que, entre 1997 e 2007, a violência aumentou 22% em Brasília. De acordo com os dados do órgão, os homicídios passaram de 668 para 815.
Entre as possíveis justificativas para o DF liderar o comércio de armas de fogo no país está a quantidade de órgãos públicos federais que compram artefatos. ;Verificamos que o Ibama (Instituto Brasileiro de meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e a Receita Federal, além de empresas de segurança privadas de outros estados, especialmente do Nordeste, costumam comprar suas armas no DF;, justificou o diretor-executivo da ONG Instituto Sou da Paz, Denis Mizne.
Mizne não soube explicar porque o DF também lidera o ranking das unidades da Federação que mais forneceram porte de armas aos cidadãos. ;Ainda não encontramos nenhuma justificativa para a quantidade de autorizações concedidas às pessoas que moram em Brasília;, afirma. Já para a deputada federal e ex-policial civil Marina Maggessi (PPS-RJ), os números estão relacionados ao tráfico de influência. ;Não tenho a menor dúvida de que seja por esse motivo;, observa.
Ouça trecho da entrevista com o diretor-executivo da ONG Instituto Sou da Paz, Denis Mizne