postado em 02/05/2010 16:12
Rio de Janeiro - Mesmo exposto a uma possibilidade maior de acidente ou de contrair uma doença no couro cabeludo por causa do grande número de pessoas que usam o mesmo capacete, o passageiro que sobe na garupa de um mototáxi tem um pensamento só: chegar ao destino o quanto antes.[SAIBAMAIS]Ele também não se importa com o risco de ficar retido em uma blitz, já que a maioria dos condutores está na ilegalidade, ou seja, além de a atividade ser proibida em grandes cidades, como o Rio de Janeiro e São Paulo, muitos motoqueiros não têm documentação e as motos não têm placas.
Isso sem falar no custo, que já foi irrisório, não passando de R$ 2 para qualquer distância, e que hoje já chega a R$ 25, dependendo do percurso.
;Se estou atrasada para um compromisso, não penso duas vezes. Vou a um ponto de mototáxi, que geralmente há nas esquinas, e contrato a corrida. Já andei em motos sem placas e cujos condutores não usavam capacetes nem tinham para o passageiro, mas na hora do aperto a gente nem pensa no pior;, relatou Márcia Maria Pontes, de 28 anos, moradora do Caju e que trabalha como gerente de uma loja de roupas em Copacabana. A corrida, segundo ela, varia de R$ 20 a R$ 25 dependendo do condutor.
O professor de biologia Juliano de Moura Vaz, de 52 anos, morador de Campo Grande, na zona oeste, disse que tinha muito preconceito em subir em uma mototáxi, até o dia em que tinha que aplicar uma prova e estava muito atrasado.
;Fiquei muito apreensivo ao subir na garupa da moto, mas depois relaxei. Estava muito atrasado, por isso apelei para o mototáxi, mas não aconselho a ninguém. É muito perigoso;, acrescentou.
Já o vendedor ambulante Marcos Antônio da Siqueira, morador de Guadalupe, na zona norte, e que trabalha no centro da cidade, disse ficar envergonhado da ;desordem urbana provocada pelos mototaxistas;. ;Eles montam os pontos nas praças ou nas esquinas e fazem muito barulho. Não respeitam os moradores e nem parece que são ilegais. Não vejo ninguém fiscalizar;, reclamou.
O mototaxista Antônio José Soares, de 32 anos, disse que trabalha há dez anos no ponto da Rocinha e que no início os usuários eram de dentro da favela, mas que agora qualquer pessoa solicita o serviço pelo telefone celular. A regra, segundo ele, é não invadir o espaço dos colegas que fazem ponto em outro bairro. Assim, se a corrida for de São Conrado para a Barra, por exemplo, o condutor tem que voltar sem passageiro. ;Por mês, a gente consegue tirar até R$ 1,8 mil;, disse.
Manoel Francisco Santana, gerente de um ponto de mototáxi na Tijuca, reconheceu que muitos condutores estão na ilegalidade porque não têm condições de regularizar sua documentação e a da moto. ;Aí, o jeito é molhar a mão [dar dinheiro] aos policiais quando eles chegam para fiscalizar os documentos das motos e dos condutores. Tem vezes que a gente tem que separar o dinheiro por mês para que eles [os policiais] deixem a gente trabalhar.;
O assessor de Relações Públicas da Polícia Militar do Rio de Janeiro, tenente-coronel Lima Castro, disse desconhecer esse tipo de conduta e afirmou que todas as denúncias que chegam à corporação são apuradas. Segundo ele, a Polícia Militar atua na repressão às ações que podem ser desenvolvidas por motoqueiros ou com o uso de motos.
;Desde o dia 1; de janeiro até 14 de abril apreendemos mais de 11 mil motos em fiscalizações. As principais infrações foram falta de documentação da moto, condutor sem habilitação, condutores suspeitos de envolvimento com a criminalidade e falta de equipamento obrigatório, como capacete;, explicou, lembrando que a fiscalização da atividade, que é irregular na cidade, fica por conta da prefeitura.
A Secretaria de Transportes do Rio, por sua vez, informou que, se a atividade não é legalizada, não há o que fiscalizar.