postado em 03/05/2010 20:31
O resultado dos exames de DNA, que saíram na sexta-feira (30/4), confirmam que a dona de casa Elaine Gomes de Oliveira, de 28 anos, e a vendedora Keila Celina dos Santos Fagundes, de 22, tiveram os filhos trocados logo depois do parto, em março de 2009, no berçário do Hospital Santa Lúcia, em Goiânia (GO). As mães destrocaram as crianças nesta segunda-feira (3/5), sob muita comoção. As famílias serão acompanhadas por uma equipe multidisciplinar designada pelo magistrado.Três técnicas de enfermagem que trabalhavam no estabelecimento no momento da troca serão indiciadas pelo crime de substituição de recém-nascido, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
De acordo com a delegada Adriana Accorsi, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), houve uma série de equívocos por parte das ex-funcionárias. ;Apesar de elas não admitirem, se tudo tivesse sido feito conforme as normas, não teria havido o erro;, afirmou.
A troca
Os dois bebês, do sexo masculino, nasceram na noite de 25 de março do ano passado. O primeiro a chegar ao berçário foi o de Elaine, que vive com o marido em Terezópolis de Goiás, a 33 quilômetros de Goiânia. O bebê foi entregue por uma das técnicas em enfermagem. Foi ela que também deixou no berçário, uma hora e meia depois, o filho de Keila, que vive em Goiânia.
Para a polícia, essa funcionária não fez a identificação das crianças antes de entregar no berçário para a outra técnica de enfermagem. Quando o segundo bebê chegou, não havia nem sido dado banho no primeiro e a outra funcionária também falhou em identificar as crianças.
A terceira funcionária envolvida na troca assumiu o berçário às 7h do dia seguinte. Foi ela quem deu banho nas crianças e colocou trocadas nos bebês as roupas entregues pelas mães. ;Ela também preencheu os prontuários, mas errado;, disse a delegada. Foi esta técnica também quem entregou os bebês, primeiro para Keila e, depois, para Elaine.
Humilhação
O caso só começou a ser investigado em abril deste ano, depois que a vendedora apresentou denúncia na polícia. A mãe dela resolveu custear um exame de DNA por causa das humilhações que a filha vinha passando por causa da suspeita de traição. Alguns meses após os partos, o marido de Keila pediu o divórcio. E, mesmo assim, a jovem teria continuado sendo alvo de ataques verbais tanto pelos familiares do ex-marido como em seu local de trabalho.
As duas famílias se conheceram na quarta-feira da semana passada, em Nerópolis. Na ocasião, ambas reconheceram nos bebês traços que já apontavam os verdadeiros pais. Uma das crianças, inclusive, tinha a mesma marca de nascença do irmão biológico. A delegada explica que na área criminal apenas as técnicas de enfermagem serão indiciadas. E, como houve uma série de equívocos, Adriana disse que vai apontar no inquérito que houve dolo eventual. Já o hospital, explica ela, só pode ser processado no âmbito civil, em caso, por exemplo, de pedido de indenização.
Outros
Adriana também não descarta a possibilidade de haver outros bebês trocados pelas técnicas de enfermagem. Uma delas já responde na Justiça a um processo por esse crime, ocorrido na mesma época, mas descoberto ainda em 2009. ;Se outros pais que tiverem alguma desconfiança quiserem, podem procurar um laboratório e fazer um exame de DNA para esclarecer a dúvida;, afirmou. O hospital assumiu todas as despesas pelos exames de DNA e se responsabilizou pelos gastos futuros com tratamentos psicológicos e assistenciais às duas famílias.