postado em 04/05/2010 07:00
Como melhorar a estrutura do ensino médio no Brasil? A questão que vem sendo exaustivamente debatida por governo e sociedade é um dos motivadores do Seminário Internacional de Políticas de Melhores Práticas no Ensino Médio, que começou ontem e continua hoje no Hotel Nacional, em Brasília. Experiências de 10 países, como Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, Canadá e Chile, são compartilhadas entre gestores de secretarias estaduais de educação, representantes de universidades e várias instituições que apoiam a educação do país.
A ideia do intercâmbio proporcionado pelo seminário é uma forma de encerrar a etapa iniciada com uma pesquisa feita em 35 escolas de quatro estados batizada de Melhores práticas em escolas de ensino médio no Brasil, uma parceria entre o Ministério da Educação, as secretarias estaduais de Educação e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Carlos Alberto Herran, economista sênior da educação do BID, destaca que a escolha de Acre, Ceará, São Paulo e Paraná foi em função dos grandes avanços na gestão educacional das secretarias de educação e por representarem a diversidade regional. O Centro-Oeste teria ficado de fora porque seus desempenhos estariam na média do Brasil.
Um dos pontos em comum identificados nas escolas é a participação efetiva da comunidade escolar. ;O que é decisivo para uma escola de ensino médio cumprir sua função social é a valorização e a participação efetivado seu corpo docente e dos profissionais da educação;, destaca Carlos Artexes Simões, diretor de concepções e orientações curriculares para a educação básica, do MEC. O compromisso com o aprendizado também é decisivo, segundo o diretor. ;É preciso mostrar que a escola tem um papel central e talvez insubstituível de democratizar o conhecimento.; Outras seis práticas são fundamentais para os bons resultados das escolas avaliadas e podem servir como exemplos para o resto do país (leia o quadro ao lado).
Artexes admite que o ensino médio é uma grande desafio nacional. Nos últimos 20 anos, o número de estudantes atendidos passou de 3,5 milhões para 10 milhões. ;Hoje é preciso pensar numa escola que tenha significado para esses jovens para que essa expansão seja concretizada. É preciso dar centralidade à questão curricular e às metodologias de ensino que favoreçam a capacidade de aquisição da aprendizagem e do conhecimento;, observa. Na avaliação do diretor do MEC, o ensino médio deve englobar três pontos: trabalho, ciência e a cultura.
No campo do trabalho, está a qualificação de jovens. Para mostrar como norte-americanos e europeus lidam com isso, o educador americano John Bishop fez uma comparação entre as duas realidades. Segundo Bishop, os Estados Unidos ainda estão atrás da Europa no que diz respeito à articulação do ensino médio com modalidades profissionalizantes. Entre as diferenças, está a maior possibilidade de escolha de programas vocacionais, com a grande oferta de escolas profissionalizantes e programas de estudo, o que reflete na produtividade dos alunos no mercado de trabalho e na consequente valorização salarial.
Ouça trechos da entrevista com o diretor de concepções e orientações curriculares para a educação básica do MEC, Carlos Artexes Simões, e com o analista sênior da OCDE Michael Davidson