Brasil

Soldados da borracha querem indenização por extrativismo durante a Segunda Guerra

postado em 11/05/2010 18:37
Um grupo de ex-seringueiros que participou da produção de borracha na década de 1940 esteve nesta terça-feira (11) no Congresso Nacional para pedir ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, a votação em plenário de emenda que garante a indenização por extrativismo.

A Proposta de Emenda à Constituição 556 (PEC), de autoria da deputada do PCdoB amazonense Vanessa Grazziotin, prevê a concessão de uma pensão mensal de sete salários mínimos (cerca de R$ 3,5 mil) a quase 15 mil ex-seringueiros. Esses trabalhadores, que ficaram conhecidos como soldados da borracha, foram levados aos estados do Amazonas, Acre e de Rondônia para multiplicar a produção de borracha utilizada pelos Estados Unidos como matéria-prima durante a Segunda Guerra Mundial.

De acordo com a relatora da PEC, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), a ideia da proposta é equiparar a situação dos ex-seringueiros à dos pracinhas de guerra, que conseguiram compensações por seu esforço.

;Na época da Segunda Guerra Mundial, o Brasil fez uma convocação para que os homens pudessem ajudar no esforço de guerra; uma parte deles era convocada para o front e outra parte era convocada para cortar seringa na Amazônia e ajudar os Estados Unidos a ter borracha, porque perdeu na época os seringais na Malásia. O fato é que os pracinhas de guerra conseguiram acordos importantes, e os soldados da Amazônia recebem uma ajuda de custo de um salário mínimo e meio. Eles sequer recebem o décimo-terceiro.;

De acordo com o presidente do Sindicato dos Soldados da Borracha de Porto Velho (RO), Claudionor Ferreira Lima, quando os trabalhadores foram requisitados para os seringais, havia um acordo entre os governos norte-americano e brasileiro que previa o pagamento de uma indenização aos seringueiros se os aliados vencessem a guerra. A guerra foi vencida, mas a indenização nunca chegou ao bolso dos trabalhadores.

;Isso começou em 1943. Já está com 67 anos. Naquela época, eram 60 mil homens: 50% morreu no seringal e foi enterrado lá mesmo. Dos 50% que ficaram, três partes já foram, tem a mínima parte. E agora a gente está cobrando esse direito adquirido por lei.;

Segundo o advogado dos seringueiros, Irlan Silva, os trabalhadores têm documentos que comprovam o período que ficaram na Amazônia, com a promessa de receber salário, assistência médica e condições de voltar para seu estado de origem, pois a maioria era do Nordeste. Mas, segundo Lima, as condições de trabalho eram precárias e cerca de 20 mil trabalhadores morreram no período. Ele acrescenta que muitos não retornaram e outros voltaram devendo dinheiro aos seringalistas.

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