Rodrigo Couto
postado em 12/05/2010 07:00
A repercussão negativa das recentes denúncias de abusos sexuais praticados por padres de Franca (SP) e Arapiraca (AL), além de uma suposta conivência do papa Bento XVI em outros países, levaram a Igreja Católica no Brasil a aumentar o rigor na seleção dos seminaristas e intensificar o acompanhamento durante os sete anos do curso de formação para padres. A medida, a ser implantada até o fim do ano, deve causar impacto direto em pelo menos 600 novos sacerdotes formados a cada ano nos cerca de 500 seminários espalhados pelo país. A norma pode ser oficializada até o encerramento da 48; Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), programado para amanhã.Além de um maior rigor no monitoramento aos postulantes a padre e aos seminaristas, a Igreja também promete divulgar até o fim de 2010 um guia prático que deve orientar os quase 10 mil sacerdotes em casos de pedofilia. ;Esse guia não deve trazer nenhuma novidade às regras que já são seguidas pelos religiosos. Será, na verdade, um resumo das leis canônicas e do que já vem sendo praticada pela Igreja. É apenas um reforço de que estamos atentos a esse problema;, explicou o bispo de Franca (SP), dom Pedro Luiz Stringhini, coordenador da comissão que analisa os abusos sexuais durante a conferência da CNBB.
Apesar de admitir que o guia sobre abusos sexuais não deve trazer nenhuma novidade em relação ao que já é praticado pela Igreja, dom Pedro Luiz confirma que o texto vai contar com a participação de especialistas de outras áreas, como psicólogos. Em relação aos futuros padres, Stringhini disse que haverá uma maior cobrança aos pré-requisitos que já são exigidos de um religioso. ;Reforçaremos a necessidade de uma boa formação intelectual, espiritual, humana e pastoral de um religioso;, lembrou o bispo.
Mas a pedofilia não é o único assunto que vêm tirando o sono dos bispos. Alguns, mais radicais, são totalmente contrários ao Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH), que trata, entre outros assuntos, sobre aborto, profissionalização do sexo, adoção por casais homoafetivos, e casamento entre homossexuais. ;Não acompanhei as discussões sobre o PNDH, mas fui informado de que houve momentos de tensão. Alguns bispos defendem a rejeição total do plano. Mas acho que isso não é certo, pois há coisas boas e interessantes que contam com o apoio da Igreja como, por exemplo, a Lei Maria da Penha;, observou o bispo de Jales (SP) e presidente da Cáritas Brasileira, dom Luiz Demétrio Valentini.
Com um tom mais conciliador, o presidente da Cáritas adianta que a Assembleia Geral da CNBB deve reprovar em blocos os itens mais polêmicos e aprovar o restante do PNDH. ;É preciso discutir o assunto com equilíbrio e profundidade.;