Diário de Pernambuco
postado em 14/05/2010 09:07
Pelo menos nove presos estão internados vítimas de uma rebelião registrada na noite de ontem no Presídio Aníbal Bruno. Três detentos morreram e outros 17 ficaram feridos depois que um pavilhão construído recentemente, conhecido como Galpão, que abriga cerca de 180 presos e tem apenas dois banheiros, foi incendiado após uma invasão de detentos do Pavilhão J, conhecido como "controle". Trinta homens do Batalhão de Choque entraram no presídio, seguidos depois por integrantes da Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe). Um dos mortos foi Airon Nunes Queiroz, 45 anos, que chegou a ser levado para o Hospital Otávio de Freitas, mas não resistiu. Márcio Lima da Silva, de 25 anos, foi outro que faleceu após ser socorrido. A terceira vítima teria morrido dentro do presídio, mas seu nome não havia sido revelado.Quatro ambulâncias do Samu e uma do Corpo de Bombeiros estavam a postos na frente do presídio para transferir os feridos para os hospitais da Restauração (HR) e Otávio de Freitas (HOF), mas o socorro foi retardado porque não havia PMs para fazer a escolta obrigatória. O secretário executivo de Ressocialização, coronel Humberto Viana, chegou ao presídio às 23h40 e até o fechamento desta edição, à 1h30, não havia saído para dar explicações à imprensa. Um novo reforço do Batalhão de Choque chegou ao local para tentar conter os rebelados ainda na madrugada.
Uma das hipóteses levantadas é de que a rebelião de ontem foi uma consequência do tumulto que ocorreu na terça-feira, quando um chaveiro (preso que toma conta das chaves de celas) havia sido retirado do pavilhão J em reação à ação de uma milícia que estaria agindo com violência dentro da unidade prisional. Na ocasião, quatro detentos ficaram feridos, um deles baleado na cabeça após a invasão do Batalhão de Choque. Outra versão era a de que um detento fez denúncias de irregularidades no Aníbal Bruno num programa de TV, o que gerou uma invasão no pavilhão em que ele se encontrava.
Como consequência da rebelião de ontem, o chaveiro do Galpão, Leandro César Oliveira, estava ferido em estado grave, com tiro no peito. O prédio foi incendiado e os bombeiros acionados para conter as chamas. Um outro ferido, Ikaru Naval da Silva, 21 anos, baleado com dois tiros no ombro esquerdo, foi levado para o Hospital da Restauração. Outro detento, José Claro Júnior, 29 anos, chegou ao HR com o corpo queimado e ferimento na cabeça, mas disse aos atendentes do Samu que não teria sido baleado. José Nivaldo da Silva, 22 anos, foi socorrido depois de ter sido ferido nas costas possivelmente por bala de borracha.
Familiares de detentos se juntaram do lado de fora do Aníbal Bruno, buscando informações. A rebelião se transformou num drama pessoal para Valderize Milanez Campos de Almeida, que reside no Ibura e foi às pressas para o presídio porque haviam passado a informação de que seu filho, Carlos Eduardo Campos de Almeida, 26, teria sido morto com um tiro na cabeça. Ela contou que o filho estava em regime semiaberto na Penitenciária Agroindustrial São João (PaisJ, antigaPAI), em Itamaracá, mas pediu ao juiz que o transferisse porque ele estava se drogando muito. Após muita aflição, soube que o filho estava ferido nas costelas e numa das pernas.
O delegado Isaías Novaes, da força-tarefa do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) esteve inicialmente no Hospital na Restauração para falar com os presos feridos e dar início às investigação do que teria realmente ocorrido no Aníbal Bruno.