Diário de Pernambuco
postado em 20/05/2010 09:20
O presente de aniversário de 14 anos de Robson Barbosa Otaviano, que seria comemorado amanhã, já estava encomendado. Era uma bermuda de marca, que a mãe só poderia comprar no fim do mês, quando recebesse o pagamento de uma faxina. Mas o dia de nascimento do garoto será de luto. Ele morreu ontem, atropelado por uma Kombi que invadiu a calçada da Escola Aderbal Galvão, onde ele estudava há 11 anos, no bairro do Vasco da Gama. Robson havia largado às 12h, como de costume. Apenas cinco minutos depois, com a mochila cheia de livros e já a caminho de casa, o garoto caía no chão. Outros dois adolescentes ficaram feridos e, por pouco, o veículo não atingiu mais pais e alunos que também saíam naquele horário.Robson Barbosa Otaviano, que cursava a 4; série, chegou a pedir à prima e três colegas que deixassem o local correndo, quando percebeu que a Kombi descia desgovernada a ladeira em frente à escola. Depois da aula, o garoto iria para casa com o irmão Rogério, de 12 anos. Ambos estudavam na mesma sala. "A gente largou na mesma hora, mas ele demorou mais um pouco, porque ficou arrumando as coisas", contou Rogério.
Agarrada à "camisa que ele mais gostava" e segurando um álbum de fotos, a mãe de Robson, Maria Cristiane da Conceição Ferraz, 31, chorava e repetia "eu não acredito nisso. Ele era um menino tão bom para mim". O sepultamento está previsto para hoje à tarde, no Cemitério de Casa Amarela. O irmão Rogério foi quem levou a notícia à família, que reside a duas quadras do local do acidente, no Alto do Resplendor.
O carro só parou quando subiu a calçada da escola, atropelou o garoto e bateu no muro
Sofreram traumas outros dois adolescentes, Robson Bezerra do Nascimento e Jéssica do Carmo França, ambos com 10 anos de idade e colegas do garoto morto. "Eu estava no primeiro andar da escola e conversava com uma professora. Quando disseram que tinha sido um Robson, pensei logo no meu menino", desabafou Rosa Maria Paz Bezerra, 43. O Robson que sobreviveu estava ainda dentro da escola, a menos de um metro de distância do lugar fatal. O garoto recebeu atendimento no Hospital Maria Lucinda, onde levou dois pontos na cabeça. Na mesma unidade foi atendida Jéssica, que teve fratura na perna direita.
Sem controle - O motorista da Kombi era o serralheiro Ivanir Santos do Nascimento, 20, que, no momento do acidente, não portava carteira de identidade. O veículo, segundo informações preliminares da CTTU, está com a documentação atrasada desde 2007. O perito do Instituto de Criminalística (IC) Gilmário Lima informou que recolheu do interior da Kombi uma embalagem vazia de fluido de freio. O laudo pericial será concluído em, no máximo, 20 dias, a contar de hoje.
A Kombi não pertence ao serralheiro, que foi socorrido ao Hospital Getúlio Vargas e passou por uma cirurgia. Ivanir ficou preso, durante quase 1h30, nas ferragens do carro. Ele teria pego o veículo, sem autorização, segundo o proprietário, que não permitiu ser identificado. O homem também contou que a Kombi estava parada há três dias, para o conserto dos freios.