postado em 21/05/2010 16:59
A assistência de acusação no processo que condenou Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão, a 30 anos de prisão pela morte de Dorothy Stang enviou um memorial para 11 desembargadores do Tribunal de Justiça (TJ) do Pará alegando que o réu ;não preenche requisitos para o apelo em liberdade da sentença que o condenou;. O réu ; apontado no processo como um dos mandantes do assassinato da missionária, ocorrido em Anapu (PA), em fevereiro de 2005 ; foi solto (em liberdade provisória) na última quarta feira (19), cerca de vinte dias após a condenação, por meio de um habeas corpus aceito liminarmente pela desembargadora Maria de Nazaré Silva Gouveia dos Santos.
[SAIBAMAIS]Para a acusação, o réu não preenche os requisitos legais tais como ser primário, ter bons antecedentes e ocupação lícita. No recurso jurídico, assinado pelos advogados Nilo Batista e Sérgio Guedes Martins, a acusação afirma que Taradão tem sua atividade profissional ;relacionada a consumação de crimes;, como crimes ambientais, grilagem de terras, fraudes contra sistema financeiro, uso de laranja no registro de terras, falso testemunho e ameaça a testemunha.
O advogado de defesa, César Ramos, disse à Agência Brasil que o memorial não tem valor jurídico como recurso à decisão liminar que concedeu a liberdade provisória. ;Habeas corpus não permite contraditório. Não cabe arguição da acusação;, afirmou Ramos.
O advogado Nilo Batista afirmou que de fato não poderá usar a tribuna no julgamento do habeas corpus, mas é direito da acusação apresentar o memorial. Para o criminalista, a liminar foi concedida porque ;é uma regra geral;, mas a decisão será revertida quando os desembargadores conhecerem melhor o caso. Segundo Batista, em outro processo, a Justiça mandou apreender R$ 9 milhões que estavam na casa do réu. ;Quem é que guarda um valor desse?;, perguntou, alegando que o volume poderia servir de preparação para a fuga.
O Tribunal de Justiça do Pará ainda não divulgou a data de julgamento do mérito do habeas corpus. A expectativa é que isso ocorra em 15 dias. Caso seja confirmada a liberdade de Regivaldo, o réu poderá ficar solto por tempo indefinido, visto que o processo de apelação, hoje com 23 volumes, pode levar anos para ser julgado.