Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vivem hoje no Brasil 800 mil ciganos. Cerca de 80% deles são analfabetos e uma parcela significativa é nômade. O Dia Nacional do Cigano foi criado por decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Apesar de ter sido homenageada com um dia, a comunidade cigana ainda clama por iniciativas públicas que preservem e respeitem sua cultura. ;O povo cigano é o mais descriminado e ultrajado do mundo. Quando somos ouvidos, deixamos de nos sentir estrangeiros na nossa própria terra;, afirma Mirian Stanescon Batuli, conselheira nacional de Políticas de Promoção de Igualdade Racial da Secretaria de Promoção de Igualdade Racial, do governo federal..
A comunidade cigana reivindica a criação de cursos de alfabetização por meio de unidades móveis, e a garantia de educação diferenciada para as crianças, respeitando suas crenças, costumes e tradições. Além disso, quer que crianças e adolescentes sejam matriculadas em, no máximo, 24 horas nas redes públicas estaduais e municipais, sempre que chegarem em uma nova cidade. Pede também assistência à saúde por meio de unidades móveis.
O festival está sendo realizado no Parque Garota de Ipanema, onde está a imagem da Santa Sara Kali. Segundo Mirian, a comemoração é muito importante para quebrar o preconceito ;A ignorância gera medo, que gera preconceito. Esse evento faz parte do calendário oficial da cidade do Rio. A festa também engloba outros povos que sofrem discriminação, como os negros, judeus e índios. No evento, mostramos nossa cultura, danças, músicas e costumes; .
A conselheira lembra que somente em 2004 os ciganos conseguiram chamar atenção para sua causa. ;É a primeira vez na história do Brasil, desde 2004, que o povo cigano é ouvido nas suas reivindicações. Isso é importante para o resgate da nossa autoestima;, diz Mirian.
O Ministério da Cultura (Minc), que também participa do evento, abriu edital para inscrição de projetos que retratam o povo cigano. ;Há um dialogo do Minc com essa população que está invisível. Queremos dar visibilidade e reconhecimento às práticas do próprio povo cigano;, assinala Adriana Cabral, coordenadora-geral da Secretaria de Fomento a Identidade e Diversidade Ética.
Serão selecionados 30 trabalhos que vão receber R$ 10.000 cada. O prazo de inscrição vai até 12 de julho e pode ser feito pelo site www.cultura.gov.br/diversidade e traz uma novidade: os projetos podem ser enviados oralmente por meio de vídeos com áudio ou gravações.