Brasil

Rio vai traçar perfil do dependente químico nas favelas para melhorar atendimento

postado em 02/06/2010 18:13
O perfil do dependente químico, principalmente de crack, nas comunidades populares do Rio de Janeiro será feito com objetivo de implantar um atendimento diferenciado às pessoas que sofrem com o vício das drogas nessas regiões. Os agentes de saúde do Programa Saúde da Família, técnicos da organização não governamental Viva Rio e especialistas do governo federal vão trabalhar, em conjunto, na identificação do problema.

O mapeamento é uma das orientações definidas nesta quarta-feira (2/6) por especialistas nacionais e estrangeiros que discutiram durante dois dias os problemas no combate e prevenção do uso do crack na capital fluminense.

De acordo com o diretor-executivo da Viva Rio, Rubem César Fernandes, a ideia é reunir informações sobre o consumo de drogas nas favelas cariocas, suas consequências e o impacto da política atual. Será feito um levantamento dos programas que já existem, como os coordenados pelas igrejas, e definir os instrumentos que ainda precisam ser implantados.

;O sonho é que a gente tenha de fato uma política de enfrentamento e prevenção de drogas nas favelas do Rio e não só a guerra das drogas que só produz morte e medo para partir para uma política de prevenção, diminuição do consumo e redução dos danos;, afirmou.

O assessor de Saúde Mental para Área de Álcool e Drogas da Secretaria Municipal Saúde do Rio de Janeiro, Sérgio Alarcon, disse que conhecer os dependentes químicos das comunidades populares vai permitir a implantação de uma política de atendimento diferenciado, considerando as especificidades de cada área da cidade.

;O que nós pretendemos implantar é um sistema territorializado. Ou seja, que avalie caso a caso os problemas de acordo com a situação cultural. As ações sobre os problemas do álcool e das drogas não podem ser meramente médica e psicológica, precisam ser complexa e intersetoriais porque influenciam a vida das pessoas, no tipo de vida que levam, nas relações com a família e de empregabilidade;, disse Alarcon.

Gert Wimmer, coordenador do Programa Saúde da Família no Rio de Janeiro, acredita que a mudança no tratamento dos dependentes de drogas é um processo de longo prazo que exige uma adaptação tanto dos agentes que atuam nas comunidades quanto da própria população.

;Os problemas que se apresentam para as equipes vêm sem filtro, não obedecem a lógica do atendimento médico. Portanto, eles exigem uma aproximação intersetorial e construções coletivas. Têm certas demandas que se a gente não traz a população para a [sua] construção, a gente tende a abordar de forma superficial e não entender o tamanho do problema que está posto;, disse.

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