Brasil

Acesso a saneamento e estímulo ao uso do leite materno reduziriam mortalidade infantil, diz médico

postado em 03/06/2010 14:50
Os índices de mortalidade infantil ainda são altos no Brasil, principalmente no Norte e Nordeste, regiões que também apresentam carência de saneamento básico. Segundo o médico Evandro Roberto Baldacci, que trabalha no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, em São Paulo, ;sem saneamento não se reduz a taxa de mortalidade infantil;.

O estudo realizado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation e divulgado recentemente pela revista médica britânica The Lancet mostrou que a taxa de mortalidade infantil, no Brasil, caiu 61,7%, passando de 52,04 mortes por mil nascimentos em 1990 para 19,88 mortes por mil nascimentos em 2010. Com isso, o país se aproxima do cumprimento da meta do milênio, que é chegar em 2015 com uma taxa de 15 mortes por mil nascimentos.

Apesar da queda, o Brasil ainda está longe dos índices registrados em países como a Islândia, Suécia e o Chipre ; três mortes por mil nascimentos, e também fica atrás de outros países da América do Sul, como o Chile (6,48 mortes por mil nascimentos), a Colômbia (15,31) e Argentina (12,88).

;Com toda a certeza, o Brasil vai ser um dos poucos países do mundo que vai cumprir essa redução de taxa. É uma alegria, porque a gente está conseguindo cumprir a meta. Mas não é para ficar sentado em cima dessa glória porque, na verdade, ainda está ruim;, afirmou Baldacci.

Segundo o médico, a falta de acesso ao saneamento é uma das explicações para os altos índices de mortalidade infantil no Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Estudo do Instituto Trata Brasil, com números de 2008, mostra um déficit de 49,1% no acesso à rede de esgoto no país. Os estados com maior carência são o Piauí (com 97,49%), Amapá (96,44%), Rondônia (96,2%), o Pará (95,1%) e Maranhão (88,63%).

A conclusão do instituto é de que, nos locais sem acesso ao saneamento básico, as chances de uma mulher ter um filho nascido morto são de 23,8%, número que cai para 10,8% nas regiões atendidas por redes de esgoto. No ranking de estados com maior taxa de mortalidade infantil, as oito primeiras posições são de unidades do Nordeste, tendo a Paraíba na liderança.

;A queda da mortalidade [infantil] ocorreu de forma significativa, no Brasil, há muito tempo, nas regiões Sul e Sudeste e com menor impacto no Centro-Oeste. Mas no Norte e Nordeste, essa queda vem acontecendo de uma forma mais lenta.; Segundo Baldacci, os fatores que contribuíram para a redução do índice no Sudeste foram a distribuição de água, a rede de esgoto, o incentivo ao aleitamento materno e os cuidados pré-natais e perinatais.

Além da questão do saneamento, Baldacci destacou a importância de uma campanha de incentivo ao aleitamento materno que, segundo ele, poderia contribuir para uma redução da taxa de mortalidade infantil no país. ;O aleitamento materno, além de proteger das infecções, ajuda a evitar a desnutrição. As infecções provocam diarreia e a desnutrição facilita a diarreia e outras infecções. O uso do leite materno reduz muito os riscos de mortalidade;.

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