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Moradores do Complexo do Alemão se sentem mais livres do que os da zona sul, aponta pesquisa da FGV

postado em 07/06/2010 18:04
Os moradores do conjunto de favelas do Complexo do Alemão, uma das áreas mais violentas do Rio, se sentem mais livres para ir e vir do que os da zona sul, onde se concentram as classes média e alta, atendidas por uma forte presença das forças de segurança. O dado faz parte de uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (7) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que mediu pela primeira vez no país a maneira como a população carioca enxerga a participação dos governos em suas comunidades.


O Índice de Percepção da Presença do Estado (IPPE) foi construído a partir de questionários respondidos por 1,1 mil pessoas em três diferentes áreas da cidade do Rio de Janeiro. O trabalho, realizado de setembro de 2009 a maio deste ano, apontou diferenças marcantes na forma como a presença do Estado é sentida, de acordo com a situação social ou do bairro onde se vive.

Para isso, a cidade foi dividida em três grandes amostras: Zona A, formada por moradores do ;asfalto; dos bairros das zonas norte, oeste e central; Zona B, com moradores do ;asfalto; da zona sul, Santa Teresa e Barra da Tijuca, e Complexo do Alemão.

O cientista político Marcelo Simas, um dos coordenadores da pesquisa, explicou que a expressão ;asfalto;, usada no trabalho, se refere a pessoas que não moram em favelas ou comunidades favelizadas. Segundo ele, os dados coletados não são absolutos e têm que ser relativizados conforme o grau de educação dos entrevistados, que tendem a ser menos ou mais críticos à atuação dos governos, de acordo com os anos de estudo.

No quesito Índice de Segurança ; Liberdade, os moradores do Alemão atingiram 47 pontos, em um total de 100, contra 32 registrados na zona sul ou 30 nos bairros das zonas norte e oeste. Já no item Índice de Segurança ; Polícia, a população que vive na favela demonstrou o menor índice de confiança, atingindo apenas 29 pontos, contra 52 de quem vive nas zonas norte e oeste ou 61 pontos dos habitantes da zona sul.


;A população do Complexo do Alemão se sente muito mais livre para ir e vir, mas de outro lado critica muito a atuação e o tratamento da polícia;, frisou Simas.


A pesquisa também abordou temas como a percepção da Justiça. Durante a pesquisa, as pessoas tinham de dizer se o Poder Judiciário resolvia os problemas dos moradores. O melhor índice foi alcançado na zona sul, com 46 pontos, seguido pelas zonas norte e oeste, com 41 pontos. O nível mais baixo foi registrado no Complexo do Alemão, com apenas 34 pontos.


Quando questionados sobre a existência de preconceito contra moradores de favelas, os habitantes das zonas sul, norte e oeste praticamente empataram, com 47 e 46 pontos. Já os moradores do Alemão se mostraram mais otimistas, com o índice de satisfação batendo nos 51 pontos ; o que significa que a percepção de preconceito é menor.

Um novo estudo será divulgado nas próximas semanas para medir a satisfação dos cidadãos com os serviços públicos prestados pelo Estado.

Os dados completos da pesquisa podem ser acessados na internet pelo endereço portalibre.fgv.br.

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