Luciane Evans, Estado de Minas
postado em 15/06/2010 19:08
Ameaça repetida em todos os idiomas em 2009, a gripe suína, primeira pandemia do século 21 que atingiu 207 países infectando 220 mil pessoas no mundo, aos poucos, vem mostrando suas garras e poder novamente. Um ano depois do pânico mundial, o influenza A (H1N1), que deixou marcas inesquecíveis e lembranças amargas para quem foi vítima dele, não adormeceu e continua tirando a vida de muitos.Nos cinco primeiros meses deste ano, 64 pessoas morreram contaminados pelo vírus no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. O último óbito foi registrado no fim de semana passado, em Santa Catarina, onde um jovem de 24 anos faleceu em decorrência da gripe. Em Minas Gerais, já são oito mortes com suspeita de contaminação, sete casos confirmados da doença e 170 em investigação. Os cuidados permanecem os mesmos, mas autoridades de saúde já acederam o alerta amarelo para esta época do não, que além do frio, traz um agravante: a Copa do Mundo, para qual milhares de torcedores viajaram para a África do Sul e podem trazer na bagagem várias doenças daquele país, entre elas, a gripe do século.
Nos próximos dias, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES)lança o protocolo de atendimento às pessoas infectadas. Alguns hospitais, como no ano passado, serão referência para o tratamento desses pacientes. De acordo com a gerente de Vigilância Epidemiológica da SES, Márcia Cortês, no ano passado, foram 2.293 casos confirmados da doença no estado e 181 mortes.
Ela não descarta a Copa do Mundo como um agravante para o cenário epidemiológico. "A nossa orientação é de que, o viajante, que regressar ao país com algum sintoma, deve procurar um médico imediatamente. Já orientamos a todos os profissionais da saúde para estarem atentos. A vigilância, a partir de agora, tem que ser redobrada. Não podemos baixar a guarda de jeito nenhum", diz, acrescentando que 90% dos casos de gripe registrados são de H1N1.
Segundo o infectologista Estevão Urbano, mesmo com os números atuais, não há motivo para pânico. "A tendência é de termos menos problemas do que no ano passado", avalia, apontando a vacinação como um grande fator de contribuição para a melhora no quadro epidemiológico. "Embora a cobertura não tenha sido perfeita, a vacina é uma grande arma." Apesar de otimista em relação a uma possível segunda onda da doença no país, Estevão pondera que, nesta época do ano, qualquer viagem para ambientes frios, aumentam as chances de se contrair uma virose. "Na África do Sul, por exemplo, está com temperaturas baixas. Lá, o fluxo de pessoas é grande. O risco de contaminação de infecções é fato. Por isso, é possível que tenhamos um número alto de infectados pela gripe, já que o inverno este ano será mais rigoroso e longo."