Diário de Pernambuco
postado em 25/06/2010 16:25
Depois do desafio de tentar sobreviver em meio ao caos de ter perdido todos os bens materiais, muitos sobreviventes da chuva que atingiu Pernambuco têm mais um obstáculo a ultrapassar. De acordo com os especialistas, a grande preocupação se torna, agora, combater as epidemias que devem surgir em decorrência da sujeira acumulada nos municípios.Para tentar reduzir os danos na saúde e garantir atendimento de urgência e tratamento dos pacientes crônicos, o governo estadual, por meio da secretaria de saúde, está adotando um conjunto de ações a serem implantadas nas cidades em situação mais crítica.
[SAIBAMAIS]A partir desta sexta-feira (25/6), será iniciada a distribuição de 11 toneladas de medicamentos enviados pelo Ministério da Saúde para ajudar os locais atingidos pelas chuvas. O material será distribído, em dois caminhões, a 53 municípios, que receberão kits compostos por 48 itens entre medicação e insumos utilizados em unidades de atenção básica de saúde para primeiro atendimento. São antibióticos, antibacterianos, antitérmicos, anti-hipertensivos e analgésicos alem de seringas descartáveis, ataduras e esparadrapo impermeável, entre outros.
Os 65 médicos lotados no Hospital Regional Sílvio Magalhães, em Palmares,estão sendo relocados para outras unidades particulares de saúde: os hospitais Menino Jesus e Santa Rosa, que são conveniados ao SUS e agora vão receber um aumento na demanda. Os 128 pacientes renais da Zona da Mata Sul que fazem tratamento de hemodiálise no Recife foram transferidos para o Hotel Orange, em Itamaracá, com os respectivos acompanhantes. Lá, eles estão sendo monitorados por um médico e dez técnicos de enfermagem. Outros 14 pacientes são assistidos em Caruaru, cidade mais próxima de suas residências.
Água
O consumo de água contaminada é um dos maiores riscos aos quais estão expostos os desalojados e desabrigados da Mata Sul. Doenças como diarreia, leptospirose, cólera e febre tifóide, além de hepatites A e E são alguns dos principais casos que devem surgir nos próximos dias. A recomendação é adicionar duas gotas de hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária sem perfume) em cada litro de água.A limpeza das casas deve ser feita com solução de água sanitária, diminuindo as chances de infecção por leptospirose. É preciso usar luvas e botas de borracha ou sacos plástico presos às mãos e pés, assim como lavar a pele com água limpa e sabão após o contato com água de enchente ou esgoto.
Vacinas
Por conta dos riscos aos quais a população do interior está exposta, foram enviadas cerca de 31 mil doses de vacina contra difteria e tétano (DT) para Palmares, Cortês, Escada, Água Preta, São José da Coroa Grande e Barreiros. Cinco mil doses de hepatite B também foram enviadas aos municípios, juntamente com vacinas antirrábicas. Os municípios estão recebendo reforço de vários tipos de soro. Cerca de 3 mil doses de soro antibrotópico-crotálico (para mordidas de animais peçonhentos), antirrábico e antitetânico já estão disponíveis, além de doses de imunoglobulina antitetânica e antirrábica. Reforços de Hepatite B, Tetravalente, Rotávirus e tríplice viral também estão sendo enviadas para as cidades atingidas, para substituírem os estoques perdidos com as enchentes.
USF
Entre as ações desenvolvidas está o mapeamento das Unidades de Saúde da Família (USF) que sofreram prejuízos com as enchentes. A intenção é auxiliar na reconstrução das estruturas e reposição dos materiais necessários. Até o momento, quatro USFs em Escada, quatro em Primavera, uma em Pombos, uma em Cortês, uma em Joaquim Nabuco e uma em Abreu e Lima foram totalmente destruídas. Outras 42 unidades, localizadas em 12 municípios, foram bastante danificadas.