postado em 29/06/2010 11:28
O goleiro Bruno, do Flamengo, suspeito de envolvimento no desaparecimento de sua ex-namorada, a estudante paranaense Eliza Silva Samúddio, de 24 anos, com quem teria um filho, terá de depor pessoalmente, nos próximos dias, na Delegacia de Homicídios de Contagem, que investiga o caso. A hipótese de o jogador ser ouvido no Rio de Janeiro, onde mora, por carta precatória, foi descartada na segunda-feira pelos policiais encarregados do caso. A data do depoimento depende do andamento das investigações.A Polícia Civil apura o desaparecimento de Eliza desde quinta-feira, quando recebeu denúncia anônima de que a estudante teria sido espancada até a morte pelo jogador e por dois amigos dele, e que o corpo teria sido enterrado na Grande BH. O último contato da jovem foi com amigas do Rio de Janeiro, no dia 4, quando disse que estava seguindo para Belo Horizonte, onde passaria a morar com o filho, a pedido do próprio jogador, para ficar mais próximo dele. Desde então, ninguém mais teve notícias da jovem. Na madrugada de sexta-feira, a mulher do goleiro, Dayane Rodrigues, de 23, foi presa com o recém-nascido, que ficou por 10 dias no sítio de Bruno, no Condomínio Turmalina, em Esmeraldas, na Grande BH.
Na segunda-feira, a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, anunciou que o goleiro está afastado temporariamente do grupo, uma vez que os jogadores viajam hoje para Itu, no interior de São Paulo, onde a equipe fará sua intertemporada. O Instituto de Criminalística de BH foi acionado na segunda pela Delegacia de Homicídios de Contagem, para fazer perícia na Land Rover do goleiro. O veículo foi apreendido com quatro amigos dele no último dia 8 e a polícia vai investigar se o carro foi usado no sumiço de Eliza.
A delegada da Homicídios de Contagem, Alessandra Wilke, apurou que, no dia 7, um amigo de infância e funcionário de Bruno, identificado como Macarrão, que mora no Rio Janeiro, chegou ao sítio do jogador com o filho de Eliza. O bebê foi entregue a funcionários. ;Toma essa criança para cuidar, até o Bruno resolver o que vai fazer com ela. Ele é filho do Bruno e o nome é Ryan;, teria dito Macarrão, segundo a delegada. ;Apuramos que Bruno chegou a Belo Horizonte no dia 6 e retornou para o Rio no dia 10. Queremos saber a trajetória de Eliza desde que ela sumiu, no dia 5, até o dia 10, quando ele foi embora. Não há provas de que ela esteve no sítio;, disse a delegada. Alessandra adiantou que já interrogou várias pessoas, entre elas Dayane, amigos do casal e funcionários do sítio. ;Estamos reunindo elementos primeiro, para depois interrogar o Bruno;, disse a policial.
Por volta das 20h de quinta-feira, segundo a delegada, um policial foi informado de que Eliza teria sido agredida até a morte pelo jogador, com ajuda de dois amigos dele. Depois, ela desapareceu e suas roupas teriam sido queimadas no sítio. O denunciante disse ainda que, naquele exato momento, o bebê estava no sítio, em poder dos funcionários. ;De imediato, entramos em contato com a polícia do Rio de Janeiro, e as amigas de Eliza confirmaram que o último contato que tiveram foi no dia 4;, disse a delegada.
Policiais foram ao sítio na sexta-feira pela manhã e constataram que realmente o bebê estava lá, mas preferiram retornar à delegacia e levantar mais informações sobre Eliza e a criança. ;Quando os policiais resolveram voltar ao sítio, na parte da tarde, já não encontraram mais ninguém, em razão, provavelmente, da divulgação pela imprensa do Rio de Janeiro de que a mulher do Bruno tinha sido vítima de homicídio;, disse a delegada. Às 13h30 do mesmo dia, outra denúncia anônima reforçava as informações passadas antes.
A polícia encontrou o bebê depois de inúmeras declarações de funcionários do sítio, da mulher do jogador e de pessoas que se apresentaram como representantes do goleiro, todas negando saber do paradeiro da criança. Dayane acabou confessando que chegou ao sítio no dia 23, com as filhas, e que o bebê já estava lá. Disse ainda ter ouvido de Bruno que Eliza havia abandonado o filho com ele. Na sexta-feira, argumenta, foi orientada por Macarrão, que estava no Rio, a esconder o garoto, pois a polícia estava a caminho do sítio. Dayane foi presa e autuada em flagrante por subtração de incapaz, mas obteve da Justiça o direito de responder ao inquérito em liberdade, por ser primária e ter residência fixa.
No domingo, a criança foi entregue ao pai de Eliza, Luís Carlos Samúddio, que saiu do Paraná, onde mora, para buscar o neto. Samúddio foi ouvido pela delegada e disse que a filha jamais abandonaria o bebê, pois ela é traumatizada por também ter sido abandonada pela mãe quando tinha 5 meses.