Brasil

Seminário que apresentou os primeiros médicos formandos do ProUni vira palanque

Evento deve debater perspectivas profissionais reúne o presidente Lula, ministros e se torna uma ode ao programa do governo

postado em 01/07/2010 08:41
Eles deveriam ser os protagonistas do evento. Mas os 230 formandos em medicina compuseram uma plateia, na tarde de ontem, apenas para dar ouvidos a discursos empolgados sobre o Programa Universidade para Todos (ProUni)(1), do Ministério da Educação (MEC). A abertura do seminário Perspectivas profissionais na área da saúde, realizado em parceria pelos ministérios da Educação e Saúde, apresentou os estudantes como os primeiros médicos formados ; eles encerrarão o curso em dezembro ; a partir de bolsas do programa. Porém, a tal ;oportunidade de debater possibilidades de atuação;, como o Ministério da Educação definiu o encontrou, não vingou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Educação, Fernando Haddad, aproveitaram o espaço para elencar números positivos relacionados ao ensino superior no país. Segundo Haddad, o número de vagas em universidades federais dobrou em relação a 2002. Hoje, seriam cerca de 230 mil vagas, de acordo com dados preliminares do censo da educação superior referentes a 2009. O ministro afirmou que o ProUni oferece, aproximadamente, 150 mil bolsas por ano. O presidente Lula aproveitou para destacar a criação de 214 escolas técnicas em seu governo e afirmou: ;O preconceito que as pessoas tinham com bolsistas é uma doença. O programa provou que essas pessoas são capazes. Antes, eram considerados filhos de brasileiros predestinados a não dar certo apenas porque não tinham oportunidade;.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, apresentou cinco cenários atuais sobre os quais os bolsistas deveriam estar atentos, ao longo de sua atuação profissional: o envelhecimento precoce da população; a mudança de hábitos alimentares, com tendência a sobrepeso; a dependência da tecnologia; a consciência da população no direito à saúde; e as principais causas de morte como sendo acidentes e violência. Em seu discurso, Temporão parabenizou os estudantes e provocou: ;Quem de vocês será o futuro Ministro da Saúde?;.

Se os alunos não tiveram muito o que debater na abertura, ainda há chance de isso mudar. O evento segue até hoje, com a proposta de apresentar aos futuros médicos os programas que integram o Sistema Único de Saúde (SUS). A diretora do departamento de gestão da educação na saúde do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, reconheceu a falta de uma política pública específica para os futuros médicos, mas minimizou o fato. Ela afirmou que, neste ano, foram criadas mil novas vagas de residência médica em todo o país. Em 2011, outras mil vagas serão criadas, a partir de estudo que indica as áreas que demandam prioridade.

O seminário deve abordar ainda questões como formação ética, as especialidades ligadas à saúde da família e comunidade; além de apresentar políticas de formação no âmbito do SUS.

1 - De que se trata
O ProUni foi criado em 2005 e já beneficiou 704 mil estudantes com bolsas de estudo parciais e integrais. Deste total, 4,4 mil são bolsistas de medicina. Participam do programa estudantes que tenham cursado o ensino médio em escola pública ou em escola particular na condição de bolsista integral e tenham renda familiar per capita de até três salários mínimos.

Homenagem à senhora Haddad
A lógica do Programa Universidade para Todos (ProUni) surgiu da cabeça de uma dentista, a atual diretora do departamento de gestão da educação na saúde do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad. O sobrenome não é coincidência: Ana Estela é mulher do ministro da Educação, Fernando Haddad. O mérito da ideia do programa foi dado ontem pelo ministro. ;Há seis meses do término do governo, é preciso que um nome seja dito neste momento. Foi ela quem insistiu para a criação de um programa com as características do ProUni;, disse Haddad. Ao Correio, Ana Estela explicou o caso. ;Eu era assessora do então ministro da Educação, Cristovam Buarque, e acabava recebendo muitas cartas que reclamavam sobre financiamento;, relatou. ;Percebi que as faculdades filantrópicas conseguiam ficar isentas de impostos oferecendo serviços que não eram propriamente educação, como atendimento médico e odontológico. Eu avaliei que as faculdades poderiam ter esse desconto oferecendo bolsas.; (LL)

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