Diário de Pernambuco
postado em 08/07/2010 10:00
O governo do estado desapropriou, ontem, sete terrenos para construir casas e tentar diminuir o drama dos moradores das cidades atingidas pelas chuvas no mês passado. O decreto de desapropriação sai no Diario Oficial de hoje e libera 400 hectares para ser o novo endereço das vítimas das enchentes nos municípios de Barreiros, Catende, Cortês, Jaqueira e Maraial, todas na Mata Sul. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de estadual de Cidades, o número total de residências a serem construídas nesse espaço não foi divulgado porque os engenheiros estão fazendo uma avaliação geral dos danos.A desapropriação foi anunciada pelo governador Eduardo Campos (PSB) numa entrevista à uma rádio local. Ele garantiu que levantar as casas em lugar seguro para evitar novas tragédias é a prioridade da Operação Reconstrução. "Localizamos terrenos fora da área de risco, longe de encostas e de áreas ribeirinhas. Não vamos permitir que novas tragédias voltem a acontecer", declarou.
Com a desapropriação anunciada ontem, sobe para 11 o número de terrenos considerados de utilidade pública e de interesse social, todos encontrados nos municípios que declararam calamidade pública. Juntos, os espaços somam 800 hectares, o equivalente a 800 campos de futebol.
Das cidades que se encontram nessa situação difícil, apenas Primavera, também na Mata Sul, ainda não teve terreno desapropriado, mas os técnicos do governo estão procurando. Em dados preliminares da Defesa Civil, 14.136 casas foram danificadas ou destruídas nos 12 municípios, mas a reconstrução deve começar ainda este mês.
Segundo o presidente da Companhia estadual de Habitação e Obras (Cehab), Amaro João, o estado avaliará outras alternativas de tecnologia para construir as casas, porque a alvenaria tradicional é mais demorada. Ele informou que a Cehab está recebendo várias propostas de construtoras que utilizam a alvenaria industrial, fornecendo placas pré-fabricadas ou partes inteiras da casa para serem montadas no local. A indefinição se deve à relação custo benefício, porque as residências serão populares e cada uma deve ficar abaixo do limite de R$ 37 mil estabelecido pelo Programa Minha Casa, Minha Vida. O governo já adiantou que as casas terão, no mínimo, 42 metros quadrados.
Lucros menores - Se depender do Polo Gesseiro, contudo, a reconstrução não deve demorar. De acordo com o presidente do Sindicado das Indústrias de Gesso do Estado, Josias Inojosa Filho, 10 empresas do Sertão do Araripe estão dispostas a abrir mão de parte dos lucros envolvidos na construção como forma de auxílio às vítimas.Uma contribuição dos empresários.De acordo com ele, essas companhias têm capacidade de construir 150 casas de 47 metros quadrados por mês a um custo de R$ 25 mil por unidade. "A ideia é não nos aproveitarmos de uma situação de calamidade em ganhos corporativos. É fazer mais do que vínhamos fazendo, que é a doação de itens de primeira necessidade. Essa é uma forma de ajudarmos de maneira prática e objetiva a devolvermos um novo lar a quem perdeu tudo", garantiu Inojosa.