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No Enem, públicas do Rio se destacam

Dados foram compilados a partir dos resultados do ano passado. Rio Grande do Norte ficou em segundo, seguido por Ceará e Bahia. Especialistas criticam modelo %u201Cvestibular%u201D do exame

postado em 19/07/2010 11:45
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulga hoje que, entre as 50 escolas públicas com as melhores notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 11 estão no Rio de Janeiro. O segundo estado melhor colocado no ranking foi o Rio Grande do Norte, seguido pelo Ceará e pela Bahia. O Distrito Federal é o quarto em número de instituições públicas com maiores notas no exame. Os dados foram compilados a partir das notas do Enem do ano passado. Neste ano, 25.484 escolas de Ensino Médio participaram da prova, um aumento de 4,8% em relação a 2008, quando 24.253 aderiram ao exame.

O ranking do Inep é calculado com base no número adesões de escolas por estado dividido pelo total de instituições na lista das 50 melhores. O Rio teve 1.799 escolas no Enem. Desse número, 11 estão entre as 50 melhores, o que dá um índice de 0,61%. Das 360 instituições potiguares que aderiram ao exame, duas atingiram o ranking, ou 0,56% do total. No Ceará das 661, três entraram (0,45%). A Bahia teve 1472 escolas no Enem e seis ficaram entre as melhores, ou 0,41%. No DF, das 254 escolas, apenas uma ficou entre as 50, o que dá um percentual de 0,39%.

Ao considerar todas as escolas, públicas e privadas, que participaram do exame em 2009, o Rio de Janeiro caiu para terceiro na lista das maiores médias do Inep. O estado com a maior nota foi o Rio Grande do Sul, seguido de Santa Catarina (veja quadro ao lado).

Segundo o secretário de Educação catarinense, Silvestre Heerdt, o interesse pelo Enem está vinculado à possibilidade de reforço na nota de vestibulares. ;Estamos estimulando o aluno a se preparar e realizar a prova, por ser uma das vias de acesso ao vestibular;, disse.

O presidente do Inep, Joaquim Neto, atribuiu o aumento da adesão ao Enem à reformulação da prova, no ano passado. O exame passou a servir de base para entrada em universidades federais e seleção do Programa Universidade para Todos (ProUni). ;À medida que aumenta a participação no Enem, em função do uso como seleção e mecanismos de inclusão como ProUni, cresce ainda mais a importância desses resultados, e de ganharem transparência;, afirmou Neto.

Para o professor do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Maria (RS) Eduardo Terrazzan, o Exame Nacional do Ensino Médio perdeu em qualidade com a proposta de ajudar no vestibular. ;Na forma anterior, o Enem avaliava as competências do aluno. Não existia uma divisão por disciplinas, o que fazia com que o aluno pensasse e fosse avaliado de forma integral. Hoje, o Enem não é muito diferente de um vestibular;, criticou. Para ele, o aumento da adesão ao exame reflete, apenas, o interesse pelo ingresso no ensino superior.

O presidente do Inep rebateu os argumentos do professor gaúcho e defendeu o exame como uma forma de análise da qualidade da educação oferecida pelas instituições: ;As famílias, os educadores e os gestores poderão estudar os resultados e, a partir dessas análises, partir para uma mobilização em prol da melhoria da qualidade da Educação;, disse Joaquim Neto.

O Rio foi destaque com escolas públicas e o Piauí foi melhor entre as particulares. Seis escolas do estado entraram no ranking das 50 melhores instituições geral que participaram do Enem 2009, levando-se em conta uma lista que reúne escolas públicas e particulares. A secretária de Educação piauiense, Maria Pereira Xavier, comemorou, apesar de o estado ser ruim em escolas públicas: ;Existem muitas escolas particulares tradicionais, que aprovam alunos em universidades federais. Agora, cabe a nós observar as políticas de educação implementadas nas escolas mais bem-sucedidas;, disse.

O melhor

O paranaense Henrique Fanini Leite, 18 anos, foi o melhor em 2009. ;Achei que era brincadeira;, recordou o estudante. Os 891,76 pontos que ele marcou no Enem deixaram para trás mais de 2,5 milhões de candidatos de todo o país. Leite cursa engenharia aeronáutica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Para chegar lá, estudou cerca de cinco horas por dia e montou um programa de estudos baseado nas provas do ITA.

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