Daniel Antunes
postado em 24/07/2010 16:57
Como mensurar o amor de uma mãe? Quanta saudade, sofrimento e espera uma mulher pode suportar por causa de um filho? No caso da pensionista Maria de Lourdes Silvério, foram 44 anos de muita angústia, dor e ansiedade para reencontrar quatro dos seis filhos, que um dia lhe foram tirados. A história da mulher, prestes a completar 70 anos, acaba de recomeçar e com o coração renovado pela esperança.Em 1966, um ano depois da morte do marido, Maria de Lordes foi expulsa de casa pela sogra, que nunca a perdoou por não ter se casado na igreja. Com 26 anos, foi morar nas ruas. Longe dos filhos que tanto amava, conheceu o alcoolismo, passou fome e frio. Conheceu o então morador de rua Nilson Silveira e, um ano e meio depois, foram acolhidos por voluntários da Casa do Abrigo. ;Tempos depois, fomos trabalhar num sítio, perto de Ouro Preto, e alugamos um barracão no Bairro Industrial, em Contagem;, recordou.
A saudade dos filhos fez com que a pensionista adotasse uma criança de três dias, que seria vendida a um travesti. ;Passei a ter um filho em casa, mas nunca consegui esquecer os meus legítimos, que me foram arrancados. Pensei que ia morrer sem ver o rosto deles. Só uma mãe pode saber o quanto é doloroso ficar longe dos filhos;, afirmou.
A história, que parecia ter um final triste, começou a mudar depois que a amiga, Eliza Batista Santos, de 66, resolveu procurar a Polícia Civil para fazer uma ocorrência em nome da pensionista. O registro foi feito na quarta-feira. Nessa sexta-feira, os investigadores já haviam entrado em contado com todos os seis filhos. Quatro deles, Ronaldo, Rosângela, Romulo e José Eustáquio, que carregam o sobrenome Jacob, encontraram com Maria de Lourdes no Departamento de Investigações, no Bairro Lagoinha, Região Noroeste da capital. Os outros dois, Rubens, que vive no Rio Grande do Sul, e Rosimeire, que trabalha no Rio de Janeiro, devem ver a mãe nos próximos dias.
Emocionados, os filhos contaram que, depois de separados de Maria de Lourdes, tiverem destinos diferentes. Rosângela e Rômulo foram morar na antiga Febem, enquanto Ronaldo e José Eustáquio, passaram a viver nas ruas, antes de serem adotados por vizinhos do Bairro Lagoinha. ;A gente não tinha mais esperança de encontrá-la viva. Até tinha rezado pela alma dela. É claro que a gente perdoa e agora não vamos desgrudar dela;, disse Rosangela, que trabalha com cozinheira em BH. Além dos filhos, Maria de Lourdes ganhou mais oito netos, quatro noras e dois genros. ; Quero ficar perto deles para sempre;, disse, em lágrimas.