Agência France-Presse
postado em 25/07/2010 17:51
Brasília - Cerca de 300 índios de oito etnias diferentes estão ocupando a entrada do canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Dardanelos, na cidade Aripuanã (MT), e impedindo a entrada e saída de 100 trabalhadores que vivem dentro da área.Segundo o coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Juína (MT), Antônio Carlos Ferreira Aquino, os índios reivindicam ações de reparação porque a hidrelétrica está sendo construída em cima de um cemitério sagrado para eles. ;Eles não querem dinheiro em mãos;, explica Aquino. ;O que eles querem é um programa de sustentabilidade da área que venha a ressarcir a perda que eles tiveram com esse sítio arqueológico;, completa o coordenador da Funai.
De acordo com ele, não há violência no local, que está ocupado desde as 5 horas da manhã de hoje. Mas o gerente de meio ambiente da Companhia Águas da Pedra, responsável pela usina, Paulo Rogério Novaes, diz que tem receio pelos trabalhadores que estão presos dentro da área. ;Eles disseram que se em dois dias não aparecerem autoridades para resolver o problema, eles irão colocar fogo em todo o canteiro de obras;, alega Novaes.
Na versão dele, o que os índios reivindicam são condições sociais melhores, como acesso à educação, à saúde, melhoria das estradas de acesso às aldeias e a inclusão deles no programa Luz para Todos. ;São problemas que o Estado tem que resolver, mas eles acham que são responsabilidades da usina;, afirma o gerente da Águas da Pedra.
Segundo ele, a hidrelétrica não funcionará com represas e seu impacto ambiental é baixo. Com isso, os índios não seriam atingidos diretamente pela obra, uma vez que a aldeia mais próxima fica a 42 quilômetros de distância. ;Mas nós temos um programa de ações mitigadoras que trata de medidas de apoio social. Só que esse programa foi entregue à Funai em 2005 e até hoje nós não obtivemos resposta. Nós queremos fazer alguma coisa, mas estamos esperando para saber o que e como;, alega Novaes.
A conclusão das obras da Usina de Dardanelos está prevista para até o fim deste ano. A expectativa tanto do coordenador da Funai, quanto do gerente da Águas da Pedra, é que autoridades do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Ministério de Minas e Energia e da Funai, em Brasília, cheguem à região no norte de Mato Grosso amanhã (26).