Daniel Antunes
postado em 25/07/2010 18:55
O caseiro Sebastião Juninho Queiroz completaria neste domingo 32 anos. Era o último aniversário na condição de solteiro, mas provavelmente a festa não teria a mesma fartura das anteriores, já que estava economizando dinheiro para a pintura da casa que havia alugado em São José da Lapa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) onde moraria depois do casamento, marcado para dezembro. Mas os planos foram bruscamente interrompidos. Ele estava entre os nove mortos em um grave acidente, ocorrido em junho na temida BR-381, próximo ao trevo de Caeté, entre um Gol, uma Parati e um caminhão carregado de bobinas de arame de aço. Todos os mortos estavam nos carros que seguiam para Baixo Guandu, na divisa de Minas com o Espírito Santo. Entre as vítimas estavam dois casais, sendo que uma mulher de 24 anos, grávida de nove meses, pretendia ter o filho no Espírito Santo.Neste domingo, quando o acidente completou um mês, familiares e amigos dos mortos participaram de um protesto, que interrompeu o trânsito na rodovia, uma das mais movimentadas do país. Todos usavam camisas estampadas com o rosto das vítimas. Com cruzes e segurando faixas, eles pediam medidas urgentes de segurança nos trechos mais perigosos da estrada entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. "Essa estrada destruiu o meu sonho que tinha de casar e ter uma família. Meu noivo foi mais um que teve a vida interrompida nessa rodovia e infelizmente não será o último", lamentou Michele de Freitas Ribeiro, noiva de Sebastião Juninho que dirigia um dos veículos envolvidos no acidente. "Hoje, provavelmente estaria feliz pelo aniversário da pessoa que mais amava, não imaginava estar com uma cruz e lembrando da morte dele", emocionou Michele.
A paralisação durou cerca de 1h30 e ocorreu de forma intercalada. A cada 20 minutos um sentido da pista era fechado, enquanto do outro lado o trânsito era liberado. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanhou a manifestação. Não houve tumultos. O protesto aconteceu em silêncio. Alguns motoristas apoiaram a manifestação e cumprimentaram os familiares das vítimas.
Um novo fechamento da rodovia da morte está programada para o próximo dia 13. No ano passado, integrantes da Organização Não Governamental ;SOS Rodovias Federais; organizaram nove manifestações na BR-381, a última delas em 11 de outubro pedindo a reconstrução da malha. Em março deste ano, a ONG promoveu um protesto em frente à sede do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) em homenagem aos estudantes de Caeté que estavam em uma Van e se acidentaram.
Pela manhã, ao mesmo tempo em que familiares de vítimas da Rodovia da morte protestavam, dois acidentes na mesma estrada deixaram o trânsito lento e colocaram a polícia em alerta. O primeiro deles aconteceu no KM 415. Um Fiat Uno, placa GFP 9187, de Belo Horizonte, capotou numa curva. O motorista foi socorrido por uma equipe do Corpo de Bombeiros, mas teve apenas ferimentos leves. A poucos quilômetros dali, próximo a Sabará, um caminhão de Cariacica (ES), placa MQQ 4402, que transportava lona, tombou na pista deixando o trânsito lento no sentido BH. Ninguém ficou ferido.