Estado de Minas
postado em 29/07/2010 20:00
A solidariedade fala mais alto e leva Minas Gerais a comemorar um recorde na doação de múltiplos órgãos. No primeiro semestre deste ano, o MG Transplantes, instituição responsável pela captação e distribuição de órgãos no estado, registrou 2020 doações de pacientes com quadro de morte encefálica, aptos a oferecer a quem está na fila do transplante fígado, rins, pulmão, córneas, entre outros. O número é superior à soma total do ano passado (2006) e também a de 2008 (1878). E, nesta quinta-feira, num belo ato de amor, uma família de Passos, no Sul de Minas, ajudou a reforçar essa estatística de esperança. Familiares de um homem de 39 anos, que teve morte encefálica, autorizaram a doação de seus múltiplos órgãos, dando novo horizonte à vida de cinco pessoas.O doador sofreu traumatismo craniano, em um acidente de bicicleta. O cérebro parou de funcionar, mas o coração continuou batendo, permitindo a retirada dos dois rins, das duas córneas, além do fígado. Pacientes com parada cardíaca podem doar apenas as córneas. Assim que a família autorizou a doação, o MG Transplantes deu início a uma corrida para fazer os transplantes. "O tempo é uma questão determinante", ressalta o médico plantonista da instituição, Célio Fróes. Às 14h desta quinta-feira, os órgãos já estavam em BH, trazidos de Passos de avião e em caixas térmicas. O médico explica que exames de compatibilidade são feitos e só então é possível dizer quem são os felizardos na fila dos transplantes.
A escolha leva em conta critérios como urgência, compatibilidade de grupo sanguíneo, compatibilidade anatômica (tamanho do órgão e do paciente), compatibilidade genética, idade do paciente e tempo de espera. Um homem na faixa etária de 60 anos pode comemorar a vitória de conseguir um novo fígado e, ainda nesta quinta-feira, passará pela operação. Os dois novos donos dos rins serão eleitos na noite desta quinta-feira e os procedimentos cirúrgicos, feitos ainda na madrugada desta sexta-feira. "Os rins são órgãos podem ser transplantados com até 15 horas depois da retirada" explica Fróes, comemorando as doações. As córneas foram encaminhadas ao banco de olhos e no prazo de até uma semana terão seus receptores escolhidos.
O médico atribui o aumento nas doações à conscientização da população. "Toda vez que há uma campanha, um debate, uma maior divulgação, as pessoas se sensibilizam com a causa de quem precisa", diz. Ele destaca que não basta querer ser doador, é preciso também comunicar à família sobre esse desejo, já que é ela quem autoriza o procedimento. Apesar da comemoração do recorde, muitos ainda aguardam na fila de transplantes. Este ano, 1063 pacientes foram transplantados em Minas, mas mais que o dobro desse número (2680) ainda esperam por novos órgãos e tecidos. A maioria (1828) precisa de um rim, 710 de nova córnea, 48 estão na fila do transplantes de fígado, 8, na de coração, e outros 8, na de pulmão.