Brasil

Tendência de queda do desmatamento na Amazônia só pode ser confirmada com dados do Prodes

postado em 09/08/2010 14:02
Brasília - Apesar da tendência de queda de 49% do desmatamento na Amazônia, apontada até agora pelo sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), só será possível avaliar a magnitude da redução com os dados de outro sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), que calcula a taxa anual consolidada. O levantamento deve ser divulgado em novembro.

;O Inpe não está afirmando que o desmatamento vai cair 50%. Além do problema da cobertura de nuvens, existe o problema dos pequenos desmatamentos;, disse hoje (9) o diretor do instituto, Gilberto Câmara.

O Deter, que fornece alertas mensais para a fiscalização, só consegue enxergar registrar derrubadas maiores do que 25 hectares, que representam 40% dos desmatamentos atuais. ;Cada vez mais os desmatamentos são pequenos. Essas áreas menores do que 25 hectares, os chamados puxadinhos, são as mais difíceis de detectar;, acrescentou Câmara.

Dados do Inpe mostram que o desmate está cada vez menos concentrado no chamado Arco do Desmatamento e tem se espalhado pela Amazônia em pequenas derrubadas. Atualmente, os desmates maiores do que mil hectares representam cerca de 10% do total verificado pelos satélites. Já as derrubadas de áreas menores do que 25 hectares correspondem a 60%.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que o governo está alterando a estratégia de fiscalização do governo para acompanhar essa mudança do perfil das derrubadas na Amazônia.

;A fiscalização também está focada nesses puxadinhos. Mudou o desafio, estamos trabalhando cada vez mais nas pequenas propriedades, o que só aparece quando temos o dado consolidado;, disse.

Apesar das diferenças de metodologia entre o Deter e o Prodes, a ministra acredita que a tendência de queda do desmatamento será confirmada. ;O resultado acumulado [no Deter] é muito bom. Foi como no ano passado, divulgamos mensalmente a tendência de queda com o Deter e, no fim do ano, o Prodes deu a menor taxa de desmatamento dos últimos 20 anos.;

O ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, arriscou um palpite e disse que a taxa anual de desmatamento poderá ficar em torno de 5 mil quilômetros quadrados (km;) ou 5,5 mil km; este ano. Em 2009, o desmate medido pelo Inpe foi de 7,4 mil km;, a menor registrada em 20 anos de monitoramento.

Gilberto Câmara, do Inpe, anunciou a operação de dois novos satélites para ampliar o monitoramento da floresta. Em 2011, o instituto vai lançar o Cbers-3 e em 2012, o Amazônia-1. ;Os satélites vão melhorar capacidade de observação, tanto para o Deter quanto para o Prodes;, explicou o diretor do instituto.

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